“Abracei causas que incomodam o regime” – diz Músico Pedrito do Bié

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O músico Pedro Tchitumba Sapalo, mais conhecido por Pedrito do Bié, natural da província do Bié, afirma que de 2021 para cá, decidiu começar a projectar as suas músicas, com destaque para o período da campanha eleitoral nas Eleições Gerais de 2022, inclinando-se bastante em assuntos e acções políticas, abraçando causas, que na sua visão, deixam a desejar o sistema vigente no país.

Fonte: O Decreto

De lá para cá, segundo descreve o jovem músico de 32 anos, tem se solidarizado consigo mesmo e com o povo angolano, contra as irregularidades do sistema político que governa Angola desde 11 de Novembro de 1975.

Em consequência das suas intervenções públicas, Pedro Tchitumba Sapalo, no dia 17 de Junho de 2023 foi preso e conduzido a julgamento sumário acusado de ultraje contra os símbolos nacionais, facto que não foi provado em tribunal, pelo foi absolvido por falta de provas.

Ainda em 2023, insatisfeito como todos os Angolanos, com a subida exorbitante do preço do combustível e da cesta básica, participou na manifestação promovida a 01 de Julho, pela sociedade civil.

Na sua trajectória de vida, o músico do Bié, Pedro Tchitumba Sapalo, filho de Clemente Sapalo e de Domingas Tchulu, natural de Benguela, município de Lobito no bairro Esperança também conhecido por “Elavoko”,  nasceu no dia 25 de Agosto de 1991.

“Acidentalmente Nascí em Benguela, mas minha vida conta a história onde nasceram os meus pais, é isso mesmo, eles são naturais do Bié no município de Andulo comuna de Etunda Tchisokokua e Tchilesso, contou.

Pedro Tchitumba Sapalo revelou que quando morava na sua aldeia, eu era muito curioso, pois “bastava ver uma coisa interessante eu já estava lá para imitar, fazia um pouco de tudo, dançávamos as nossas danças tradicionais (sawaias e katita) e ouvíamos histórias no jango contadas pelos mais velhos, o primo Daniel nos ensinou a tocar viola e cantávamos na igreja, andávamos nos rios, caçávamos ratos, éramos felizes mas não sabíamos”.

Lembrou com nostalgia que tudo se complicou quando a “guerra apertou seriamente, ficamos no salve-se quem puder, de tanto sofrimento em 1999 saímos da aldeia a pé até ao Kuito, quando cheguei fiquei doente e fui até ao concerne (ONG) para engordar um pouco, usava pulseira amarela e depois verde”.

Disse ter vivido no Kunje na tenda do Andulo como deslocado de guerra até em 2002 quando o seu tio (Arão P. Saluissi) foi ao Bié visitar a família, e apercebeu do seu destaque, decidiu levá-lo para Luanda, com objectivo de ajudá-lo a fazer e vender sandálias.

“Na época a vida não era  fácil como eu pensava, as coisas são mesmo difíceis! Eu fazia sandálias e cantava as minhas próprias músicas, até que um dia apareceu um amigo (Herculano L. Jamba) do meu primo que me ouviu cantar e perguntou-me de quem eram as músicas que eu cantava?”, descreveu.

Acrescentando quer “eu lhe disse que eram músicas minhas, e perguntou se eu tocava algum instrumento eu disse que toco um pouco de viola, e daí surgiu a ideia de tocar nas ruas de Luanda, eu não sabia falar nem um pouco o Português, mesmo assim não desisti continuei para realizar os meus objetivos e conseguir ajuda”.

Antes de conseguir patrocínio, afirmou ter passado por várias pessoas como: António Chimbandongo, Paulo Rangel, Manuel Capitango, Bento Max, Sebem, Yana Vandunem, Salú Gonçalves, Nguxi dos Santos, Oscar Gil, Tony Amado.

“Sempre que eu tocava na rua e não conseguia nada procurava o N, Goxi Dos Santos, para pegar alguns trocos, que me ajudavam a apanhar autocarro”.

Um dia desses, lembrou Pedro Tchitumba Sapalo, foi até ao prédio da OMA (Organização da mulher Angolana), à procura do Nguxi dos Santos, deparou-se com a jornalista da TPA, Joana Tomás, que lhe terá ouvido a cantar e fez uma reportagem sobre a sua pessoa para o programa “Ecos & Factos” da Televisão Pública de Angola.

“Neste mesmo dia andei com a Joana Tomás pelas salas da TPA para conseguirmos uma contribuição para o meu transporte, e conheci o Pascoal Gomes, que me fez chegar até à Órion onde tinha a sede da Nação Coragem, em 2003. Fui até a sede e conheci o Luís Domingos, João Guerra, Vanessa Francisco e o Sérgio Guerra”.

Entretanto, foi enviado à Praça da Independência Nacional para cantar no então programa “Nação Coragem”, depois foi mandado para a “Maianga Produções” para ter com o “kota Wyza” que lhe apresentou vários instrumentos musicais.

Em 2004, Pedro Tchitumba Sapalo ingressou na escola de música “Mestre Weba”, nas Ingombotas e na Escola Acadêmica do Grafanil nº 964.

Em 2005 participou no programa “Papá Ngulo e Chicocachico”, facto que permitiu o início da gravação do seu primeiro documentário com o título o “Menino do Bié”, bem como a mudança da Escola nº 964 para à Escola nº 302, junto ao Mutu-Yakevela.

“Em 2006 com a ideia da minha madrinha praticamente a minha mãe começamos a gravar o meu primeiro disco e saiu da Escola do estado para o Colégio Henriques Xavier”, realçou.

Já, em 2007, aconteceu o lançamento do seu primeiro disco intitulado “ANGOLA WÉ” na Rádio Escola, e um ano depois, isto é, em 2008 foi o lançamento do DVD o “Menino do Bié”, também na Rádio Escola.

Depois disso, prosseguiu, “mudei para o Colégio Santo Teotónio de Angola, no mesmo ano fui convidado para fazer o lançamento em Portugal do disco Angola Wé, na Produtora iPlay e também fui participar no maior evento de 1 de Junho na cidade do Porto”

Em 2012 lançou o segundo disco na Praça da Independência, em Luanda, com título “A Suku Yangue”, em 2014 participou na campanha sobre o Censo da População e Habitação, com o jingle “chegou o censo”.

O músico Pedro Sapalo, em 2015 gravou o terceiro disco intitulado “Tchissola”. “Em 2016 recebo convite para trabalhar para assistência na campanha eleitoral do Primeiro Ministro de Cabo-Verde, José Ulisses Correia Silva, pelo partido político MPD e tivemos êxitos”.

Em 2017 foi o lançamento do disco com titulo Tchissola, na Praça da Independência e na Casa da Juventude, em Luanda. “Em 2018 mudei-me para província do Bié e abri a minha Produtora com nome Dobies Produções Lda”, destacou, sublinhando que no ano de 2019 “realizamos a primeira actividade da Produtora com alguns músicos vindo de Luanda”.

Pedro Tchitumba Sapalo lançou em 2020 o remix da música “Lavar as Mãos com Água e Sabão” e o hino da produtora intitulado “Unidos pela Paz”.

“Em 2021 comecei a projecção das minhas músicas para a campanha de Agosto de 2022, inclinei-me bastante em assuntos e ações políticas abraçando causas que deixam a desejar o sistema no nosso país”, afirmou.

Segundo o músico, “desde lá venho a ser solidário comigo e com o povo, contra as irregularidades do sistema político que nos governa, em 17 Junho de 2023 fui preso e conduzido a julgamento sumário acusado de ultraje contra os símbolos nacionais e fui totalmente inocentado por faltas de provas do tribunal”

Em 2023, insatisfeito como todos os angolanos, com a subida exorbitante do preço do combustível e da cesta básica, “participei na manifestação de 1 de Julho”.

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