BURLA À TAILANDESA: RÉ FAZ ACUSAÇÕES CONTRA TÉCNICOS DO BNA E BNI
Tribunal Supremo continuou ontem a ouvir Celeste de Brito, a primeira dos quatro réus angolanos arrolados no processo
A ré Celeste de Brito acusou ontem o grupo de técnicos do Banco Nacional de Angola (BNA) de irresponsabilidade pelo facto de não lerem os documentos que acompanhavam o cheque de 50 mil milhões de dólares, valor em que o Estado angolano seria burlado por um grupo de supostos empresários tailandeses.
No segundo dia de audição na 1ª Câmara Criminal do Tribunal Supremo, a primeira dos quatro réus angolanos arrolados no conhecido processo “Burla à Tailandesa”, Celeste de Brito, disse que o BNA tinha a obrigação de confirmar se o cheque oferecia ou não um risco de colapso à economia do país. Outra acusação foi feita ao Banco de Negócios Internacional (BNI), que, segundo Celeste de Brito, mentiu desde o princípio, por ter aceite abrir a conta bancária de 50 mil milhões a custo zero, sem valor nenhum e com um simples cheque.
Especialista em diagnósticos e soluções para projectos de alta sustentabilidade económica e consultoria internacional, Celeste de Brito disse que os conhecimentos que possui levam-na a crer que o Banco das Filipinas confirmaria a quantia de 50 mil milhões de dólares e que a Centennial Energy Company, Limited, empresa do tailandês Raveeroj Richoteanan, financiou-se a si mesma.
A ré foi questionada sobre o facto de Raveeroj Richoteanan ter afirmado, em julgamento, que fez a sua fortuna a partir dos 10 anos. Para Celeste de Brito, Richoteanan é livre de revelar ou não a proveniência da sua fortuna, mas considerou que “ninguém tira dinheiro próprio para financiar projectos de longo prazo, por não ter juro de cobrança”.
Celeste de Brito disse ainda ter-se afastado do grupo de tailandeses no dia 22 de Dezembro de 2017, tendo oficializado o seu afastamento no dia 10 de Janeiro do ano seguinte. A ré justificou o seu afastamento com o argumento de que o grupo tailandês estava a afastar-se dos principais objectivos dos projectos sociais que era o propósito do aludido financiamento.
“Os tailandeses estavam a caminhar para o branqueamento de capitais, celebrando contratos fora do conhecimento da UTIP (Unidade Técnica de Investimento Privado) e do fundo de apoio”, afirmou. Celeste de Brito terá efectuado denúncia por via de uma carta enviada à extinta UTIP.
A ré foi questionada em que circunstâncias teria conhecido o réu Cristian Albano de Lemos. Celeste de Brito respondeu que conheceu Cristian há nove anos, quando este começou a prestar serviços de tradução de Inglês e Espanhol à sua empresa, denominada “Celeste Limitada”.
Fonte: Jornal de Angola | Kílssia Ferreira