A CULTURA FORTALECE A NAÇÃO – PRÉMIO NACIONAL DE CULTURA E ARTES DE 2018
Para espanto de todos o lema do Ministério da Cultura “Cultura Fortalece a Nação – mais cultura e mais Angola” saiu do papel e incorporou no júri do Prémio de Cultura e Artes de 2018. Na media e redes sociais o destaque foi a surpresa referente às categorias de música e literatura, bem como, à menção honrosa. A surpresa prende-se em muito com a queda de uma censura que todos sabiam existir mas ninguém sabia explicar… e em sussurros todos diziam ser “orientação superior”. Mas que tinha que ver com política ai isso tinha… mas que política ninguém sabia explicar… parece que essa política do sussurro intriguista e palaciano caíu e para surpresa de todos o prémio nacional da categoria de música foi para as mãos do veterano Waldemar Bastos.
Waldemar Bastos cantor angolano que tem em Deus a sua força maior, vê finalmente reconhecida sua carreira musical e a sua dedicação à angolanidade. Nascido em 1954 em Mbanza Congo filho de pais enfermeiros foi um dos combatentes pela independência. Quem privou com ele conhece de certeza a célebre fuga de avião do Huambo disfarçado de mulher. Nas uas músicas mais tocadas figuram Muxima, Velha Xica e Foi Deus. Em Velha Xica WB desmascara o sofrimento dos angolanos escamoteado num silêncio politico. As rugas sofridas na face da avó Xica sorriem apenas face a uma Angola independente… mas Xé Menina Lueji não lhes avança mais de política porque “foi Deus que me pôs no peito o rosário de penas que choro a cantar”. E neste canto ferido de amor ao próximo WB defende a honra da mulher angolana em Kuribota, fingido ué… falas mal duma mulher sem lhe conhecer sequer, falas mal de uma mulher porque não te quer” kuribota é invejoso ai ué…
Será que o Kuribota invejoso e fingido se vestiu de político para transformer Waldemar Bastos no cantor maldito e esquecido que numa reviravolta urdida nos céus se vê finalmente reconhecido na sua terra. Ah pois! E duplamente honrado por partilhar essa distinção com o grande poeta angolano, Viriato da Cruz galardoado na categoria de literatura.
Nascido em Kikuvo, Porto Amboim, em 1928, foi condenado ao exílio na China onde acabou por falecer. Viriato Clemente da Cruz foi um dos impulsionadores dos primeiros movimentos literários angolanos e fundador do Movimento Político de Libertação de Angola. Lamentavelmente, faleceu num campo de trabalhos forçados desnutrido e sonhando com o regresso à pátria. Este triste trajecto politico não ofuscou a grandeza da sua obra poética cujos poemas mais conhecidos são o Namoro, Sô Santo e Mamã Negra. E brincando com os seus versos temos a esperança que lá dos céus “dançando uma rumba” nos mande uma carta perfumada que “num passo maluco qual uma estrela riscando o céu” nos diga quem ganhará esta batalha se “Sô Santo …dono de muita riqueza,… musseques e muitas amantes” ou a mamã negra com a voz do povo entoando o Dia da Humanidade. E parece que Viriato da Cruz no Canto do SIM escreveu a Humanidade patente na Menção Honrosa de Jaka Jamba – o homem dos consensos – o eterno académico defensor de princípios e valores nacionalistas filiado ao partido UNITA.
E, assim, nesta virada típica dos filmes de Hollywood espera-se que a Arte, conforme reforçou Carolina Cerqueira Ministra da Cultura, esteja acima de diferenças ideológicas, geográficas e partidárias e sirva o interesse da reconciliação e união nacional. E para os amigos kuribótas infiltrados e fingidos fica o conselho da Avó Ximinha “É pruquê nossas raíz tem força do Makèzú!
Luanda, 3 de Outubro de 2018
Lueji Dharma
Fonte: Blog A Vitória É Certa