AUTORIDADES TRADICIONAIS NA LUNDA-NORTE SEM SUBSÍDIOS DESDE 2017

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Dezenas de autoridades tradicionais na Lunda-Norte reclamam por subsídios em atraso desde Maio de 2017, situação que os faz crer que “o comboio continua o mesmo que o colono deixou e com o mesmo tipo de carruagem”.

Texto de Jordan Muacabinza

Segundo regedores, os subsídios foram cortados no ano passado depois de terem aceitado o convite do Partido de Renovação Social (PRS) para participar no congresso realizado nos dias 29 e 30 de Maio em Luanda.

A regedoria Txihuta, uma pequena aldeia localizada na comuna de Muvulege, município de Lubalo, tem o seu regedor, que usa o mesmo nome da zona – Txihuta –, sem o respectivo subsídio estatal. “Depois de ter regressado à regedoria encontrei muitas ameaças por parte das autoridades do município, pessoas da administração e do MPLA que prefiro não citar os nomes, que disseram mesmo que eu não receberia o subsídio por ter ido ao congresso do PRS”, conta Txihuta.

Regedor Txihuta (primeiro da fila) | Foto: Jordan Muacabinza

Em sua defesa, o regedor garante ter aceitado o convite por saber que o PRS é um partido reconhecido, de âmbito nacional e com assento no parlamento inclusive. “Assim como podemos receber convite de outros partidos”, frisou, mas “neste constituiu motivo para cancelar o meu subsídio”.

Txihuta recorda que estiveram presentes no congresso, para além das autoridades tradicionais, o então juiz-conselheiro presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira, representantes de todos os partidos políticos, a embaixadora americana à altura, assim como outras entidades eclesiásticas.

“Porque é que cada um desses convidados não os cancelaram os seus subsídios?”, questionou o regedor.

Realçou que os sobas são apartidários e nunca foram militantes do MPLA, UNITA, PRS, CASA-CE e nem tão pouco da FNLA ou do Bloco Democrático, pois “as entidades tradicionais servem para todos e quem nos convidar a participar nos encontros, nas reuniões, nos congressos, podemos participar, e não significa que por participarmos no congresso do PRS nos transformamos em militantes”.

Dada a situação, depois de ter recebido as ameaças, o regedor informou a direcção do partido que tinha formalizado o convite, onde tinha sido garantido que o seu caso estava sendo resolvido com seriedade. Por sua vez, o regedor comunicou sobre o assunto as entidades locais, mas que até ao momento não teve respaldo.

Quanto à reacção do PRS, o secretário municipal do Lubalo, Ferreira Saivulo, confirmou que “o caso é crónico e o assunto já tinha sido entregue à região Cuango, onde tem todas as competências de resolver o caso segundo a hierarquização”.

Contactamos o secretário regional do PRS no Cuango, Domingos Marcos Kamone. “Já se tinha dado os primeiros passos, como a reunião com o administrador adjunto para a área política e comunidade, Domingos Waianga, na própria administração, que garantiu que o caso do soba já está sendo resolvido, e disse que se pagou alguns meses, mostrou comprovativos da folha de subsídio e confirmou ainda que ficaram muitos meses por se pagar, que serão pagos em prestações”, afirmou.

Os meses referidos como pagos são Março e Abril do ano em curso. Os sobas lamentam pela postura das autoridades administrativas da região que agem de forma intolerante, e exigem que seja restituída a normalidade dos pagamentos dos subsídios a que têm direitos.

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