Zecamutchima destituído do cargo de presidente do Movimento Protectorado Lunda-Tchokwe por violação dos estatutos

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O presidente do autodenominado Movimento do Protectorado Português da Lunda-Tchokwe (MPPLT), José Domingos Mateus Zecamutchima foi destituído do cargo pelos membros do Comité Nacional, por alegada violação dos estatutos da organização.

Em comunicado, a organização que luta pela autonomia da região leste do país, anuncia que a decisão foi tomada nesta quinta-feira, 18, após a constatação de uma “clara violação dos Estatutos” pelo actual líder, que nos dias 9 e 10 deste mês, teria realizado, em Luanda, ao “arrepio dos princípios”, uma suposta convenção com um grupo de seis pessoas presentes, incluindo indivíduos que não fazem parte do movimento.

Segundo os membros do MPPLT, da referida “convenção, e conforme a vertente que levou a sua realização”, foi decidido “irregularmente excluir membros activos do Comité Nacional da organização”, tendo sido substituídos por elementos “não conhecidos pelos militantes do Protectorado”.

“Este acto realizado de forma leviana e abusiva”, de acordo com o comunicado, “contraria as directivas de funcionamento da organização e compromete a imagem e os trabalhos dos nossos associados e simpatizantes”.

A nota ressalta que o Movimento do Protectorado Português da Lunda-Tchokwe (MPPLT) – como organização – dispõe de um regulamento interno, que no seu artigo 16º, esclarece especificamente que, “a realização da primeira Convenção do MPPLT, deve obedecer o regulamentado no artigo 20º do Estatuto, deste modo, somente pode considerar-se válido se na sua realização estiverem presentes mais da metade do total dos delegados eleitos ou seja (50%) dos legíveis”.

“Tendo em conta que, para a imensa maioria dos membros do MPPLT, consideraram que esta reunião realizada nos dias supracitados, inspirou-se de interesses e inconfessos e tem uma tendência a desestabilização à estrutura da organização, e, desviar o foco dos interesses e objectivos da organização tem a favor da defesa dos direitos do nosso povo”, lê-se.

Os membros, que não se reveem no encontro realizado no início do mês de Setembro em Luanda, denunciam que a realização da suposta convenção “foi premeditada e intencional pela forma que se realizou com a participação de somente seis pessoas”.

“O sr. Zecamutchima, inicialmente convocou formalmente os membros para a Convenção, estando preparados para o acto, dias depois informou que não havia condições para a sua realização, e ficando por avisar oportunamente a próxima data da realização da mesma”, refere, acrescentando que, “inesperadamente, por via das redes sociais, os membros da organização aperceberam-se que se tinha realizado a convenção, e tiveram conhecimento das novas figuras, que foram colocadas em substituição de antigos responsáveis, e sem justificação alguma”, pode ler-se.

O mais estranho, de acordo ainda com a nota, “no comunicado difundido, somente foram publicados os nomes das novas pessoas colocadas irregularmente e não se fez referência dos que foram destituídos e a razão deste posicionamento”, por isso os membros do Movimento do Protectorado Português da Lunda-Tchokwe (MPPLT), informa a sociedade a não se ter em consideração a alegada “convenção” realizada nos dias 9 e 10 do mês em curso, por ter sido caracterizado por “abuso de poder, e utilização da organização como propriedade individual por parte do Sr. Zecamutchima”.

O comunicado do MPPLT sustenta que, “para salvaguardar os interesses da organização, enquanto se esclarece este incidente, houve o acordo do Comité Central de suspender o senhor José Domingos Mateus (Zecamutchima), do cargo de presidente do MPPLT, até a realização formal, transparente e conforme da Convenção ou Congresso”, refere o comunicado.

Os membros entende por outro lado que, nos últimos tempos, se tem notado o “distanciamento” de José Mateus Zecamutchima “nas actividades da organização, estando com fortes pretensões em a aderir aos partidos políticos contrariando o Estatuto do Movimento no artigo 13º na alínea 1.2, que esclarece que um membro da proa não pode filiar-se a um partido político”.

No comunicado, os membros do Comité Central do Movimento do Protectorado Português da Lunda-Tchokwe (MPPLT) afirmam ter ficado por se esclarecer aos militantes da organização sobre “somas avultadas em dinheiros”, que alegadamente apareceram na conta bancária de Zecamutchima, conta que teria sido aberta dias depois da sua libertação da cadeia.

“A PGR notificou José Mateus Zeca Mutchima, de modo a esclarecer a origem das somas avultadas em dinheiro na sua coordenada conta bancária. Havendo suspeição de conduta oportunista e a presunção de ligações relacionadas com a corrupção”, denunciam.

“Assim sendo, para salvaguardar o interesse comum, informamos que a partir da presente data o Sr. Zecamutchima não pode falar para a sociedade como responsável máximo do MPPLT. Pois por via desta nota se esclarece a suspensão das suas funções”, reforça o documento, que “apela aos seus membros, simpatizantes, amigos, parceiros sociais, povo Lunda, a sociedade em geral, bem como representantes na diáspora”, que “tudo será feito para se ultrapassar este momento de incerteza e remeter as coisas no devido carril pelo interesse da nossa organização e do nosso povo”, finaliza.

José Mateus Zecamutchima desvaloriza comunicado

Contactado pelo Club-K, José Mateus Zecamutchima minimizou os argumentos constantes no comunicado, alegando que se trata de um grupo que na sua visão “está a ser instrumentalizado pelo partido MPLA”, pelo que, disse “não vamos dar validade a este comunicado porque já sabemos que pode fazer esse de comunicado”, aludiu.

Com/CK

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