Vítimas das chuvas de 2015 no Lobito aguardam há seis pelo realojamento do Governo de Benguela

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As mais de trezentas famílias vítimas das chuvas de 11 de Março de 2015, nos municípios de Catumbela e Lobito, em Benguela, continuam a viver em cubatas de chapas de zinco e tendas improvisadas, devido ao que considera de falta de apoio do Governo Provincial, seis anos depois das enxurradas que causaram a morte de mais de setenta pessoas, incluindo crianças.

*Faustino Dumbo | Lobito

Há seis anos, as fortes chuvas que se abateram, sobretudo o município do Lobito, mataram dezenas de cidadãos, entre as vítimas mortais houve registo de pelo menos 35 crianças, sendo que, o rasto de destruição não poupou centenas de casas, escolas, hospitais e igrejas, colocando assim ao relento mais de 300 famílias, que desde 2015 enfrentam sol e chuva, sem receber o apoio devido das autoridades.

Entretanto, depois da tragédia, o Governo Angolano criou um projecto urbanístico na zona dos Cabrais, a pouco mais de 20 quilómetros do centro da cidade do Lobito, com 300 residências para fixar as vítimas das enxurradas.
No local, seis anos depois, verifica-se que o cenário continua o mesmo, pois, segundo as vítimas, a “situação caótica mantém-se”.

“Em 2015 perdemos as nossas famílias, bens materiais e muito mais, o dia 11 de Março ficará para sempre nas nossas memórias, estamos aqui há seis anos de muito sofrimento se esperança para o amanhã melhor”, disse um dos sobreviventes, para quem a população está a morrer de fome.

Constata-se ainda que, no referido “campo” de “concentração” na zona dos Cabrais, no Lobito, “não há água potável e transportes públicos”.

De acordo com os sinistrados das chuvas de 2015, “não temos onde cair morto para sobreviver, estamos a passar uma situação muito difícil, pois, mês de Janeiro deste ano, morreu uma senhora de fome porque em casa não tinha nada para comer”, lamentou o Soba Avelino Tchipilika dos Cabrais.

No acampamento dos Cabrais, a maioria das famílias sobreviventes das cheias de Março de 2015 ainda vive em tendas e outras em casas de chapa.

Contam que, as crianças que lá vivem têm uma escola do 1º ciclo de ensino com seis salas de aula, mas segundo os populares, devido à presença constante de cobras e lacraus, muitos professores são obrigados a terminar as aulas ainda antes de começarem.

“Na escola entra bichos, cobras e lacraus, por causa de muito capim ao lado”, acrescentando que “há registo de mortes de crianças depois de serem mordidas por cobras”, disse uma moradora, que descreve que, para as mais de trezentas famílias a comunidade tem apenas um centro de médico.

Quando se abateram as chuvas no município do Lobito, o Governo angolano tinha rejeitado a possibilidade de construir habitações para os desalojados, mas devido à pressão dos meios de comunicação social e de alguns sectores da sociedade, acabou por recuar na sua decisão.

Na altura, Isaac Maria dos Anjos, governador da província de Benguela, afirmou que o Governo não tinha a obrigação de acudir às populações.

Para já, seis anos depois da tragédia de Lobito e Catumbela, não há quaisquer indicações de que o Governo Provincial de Benguela esteja a prevenir a construção de habitações em zonas de risco bem como não se sabe que medidas estarão a ser tomadas para a evacuação das famílias que ainda vivem nestas zonas.

Esta semana, em função das fortes chuvas que se abatem sobre a província das Acácias Rubras, as cidades do Lobito e Benguela voltaram a inundar, situação que tem preocupado as populações que temem por um cenário igual ou pior de Março de 2015.

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