Violência policial contra manifestantes faz um morto e vários feridos em Luanda

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Um morto e feridos em número não contabilizado até ao momento, é o resultado da manifestação realizada neste sábado, 24/10, em Luanda, contra o elevado custo de vida dos angolanos e exigir a realização das Autarquias Locais no próximo de 2021, sem rodeios.

Fonte: Rádio Angola

Convocada pela sociedade civil e que contou com o apoio de partidos políticos na oposição, com destaque para a UNITA, a manifestação que estava prevista em forma de “marcha pacífica”, foi logo reprimida no inicio pela Polícia Nacional, que segundo relatos apurados pela Rádio Angola, junto dos manifestantes, os órgãos de defesa e segurança, carregaram sobre os cidadãos que “reivindicam apenas pelos seus direitos consagrados na Constituição da República”.

Segundo dados avançados à Rádio Angola por manifestantes no local e membros organizadores da “marcha pacifica”, para além de uma vítima mortal em consequência dos disparos feitos com arma de fogo, que atingiram um jovem que morreu no local, mais de 300 pessoas estão detidas em várias Esquadras da Polícia Nacional e outros “levados em lugares incertos”.

O presidente da UNITA Adalberto da Costa Júnior reagiu que a tentativa de impedir a manifestação é “uma absoluta ilegalidade”, já que foi aprovada em maio uma lei que “dá cobertura à situação de calamidade e não prevê que sejam suspensos os direitos fundamentais dos cidadãos, nomeadamente o direito à manifestação”.

“Em circunstância alguma podem ser violados direitos constitucionais dos cidadãos. Para tal teria de haver um regresso ao estado de emergência”, disse.

Na última sexta-feira à noite, o Governo anunciou novas medidas, mais restritivas, para a situação de calamidade, face ao aumento do número de casos de covid-19.

Entre estas estão as limitações de ajuntamentos na via pública até cinco pessoas. Foi também alterado um artigo relativo ao distanciamento físico entre os participantes de actividade e reuniões realizadas em espaço aberto, que contemplava manifestações no anterior decreto, possibilidade que foi retirada no novo diploma que entrou em vigor às 00h:00 deste sábado.

“Esta é uma circunstância de um Governo impopular que faz um ‘marketing’ extremo. Bastou dizer que a UNITA ia aderir à manifestação para ter uma resposta diferente”, criticou Adalberto da Costa Júnior, assinalando que as anteriores quatro manifestações foram realizadas sem problema de maior.

De acordo com o líder do “Galo Negro”, “o Governo entrou em pânico, João Lourenço não respeita o Estado de Direito e a Constituição do país”.

Até ao momento ainda não se conhece o número exacto de manifestantes detidos durante repressão policial, que em resposta, os cidadãos incendiaram pneus, bem como há relatos de terem queimado uma Esquadra Móvel motorizadas da corporação que se encontravam juntos da unidade policial.

Há também registo de detenção de deputados à Assembleia Nacional pela bancada parlamentar da UNITA, entre os quais Nelito Ekuikui, que afirmou ter sido agredidos por agentes da polícia e libertado horas depois.

Os jornalistas que estiveram no local para a cobertura do acto, muitos não foram poupados pela força policial, acabando detidos.

Na avenida Deolinda Rodrigues, vulgo “Estrada de Catete”, o cenário era de barricadas nas nos dois sentidos, desmaios por parte dos manifestantes pois a polícia viu-se forçada a lançar gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que a todo o custo tentavam chegar até largo 1º de Maio.

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