Vida difícil aos filhos deixados pelos malogrados Alves Kamulingue e Isaías Cassule
As famílias dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule revelaram a Rádio Angola que está agendado para este mês de outubro protestos à porta da Procuradoria-Geral da República (PGR) e na sede do partido no poder para exigir a indemnização e as certidões de óbito.
Ponte: Radio Angola
Gonçalves Vieira
Entretanto, Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram raptados e assassinados em Maio de 2012 na via pública por elementos dos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado Angolano e os seus corpos, segundo consta, foram lançados no rio Dande e devorados pelos Jacarés, quando tentavam participar de uma “manifestação pacifica” dos ex-militares no centro da cidade.
Os sete réus que estiveram envolvidos no crime, foram julgados e condenados pelo Tribunal Provincial de Luanda a 26 de Março de 2015, tendo na ocasião por meio do acórdão, definido a indemnização em 4 milhões kwanzas para cada uma das famílias das vítimas.
Em entrevista a Rádio Angola, os familiares lamentam que, de lá para cá “observa-se um silêncio total por parte das autoridade angolanas” que, segundo alegam, “não respeitaram” até ao momento a decisão do tribunal que obriga a indemnização aos familiares dois activistas.
À Rádio Angola, Adão Cassule, irmão mais velho de Isaías Cassule revelou que diante desta realidade, as famílias de Isaías Cassule e Alves Kamulingue agendaram para este mês de Outubro protestos junto à Procuradoria Geral da República.
Adão Cassule frisa que, para o “protesto pacífico”, as duas famílias já têm preparado dois caixões que serão levados a qualquer momento à porta da PGR para exigir a indemnização e as certidões de óbito com vista a realização de funerais condignos aos seus ente queridos.
Vida difícil aos filhos deixados pelos malogrados
Os familiares de Cassule e Kamulingue dizem que os filhos deixados pelos dois activistas assassinados por agentes da secreta angolana passam por momentos difíceis para manter a sobrevivência.
Adão Cassule e Benedito Sebastião contam que os filhos de Cassule e Kamulingue, alguns já na fase da adolescência, por falta de condições financeiras e registo de nascimento, estão fora do sistema normal de ensino.
Os parentes das vítimas lembram que, por altura em que se mediatizou o caso, a Procuradoria-geral da República (PGR) “prometeu apoio aos filhos no que concerne a alimentação, formação e registo dos filhos”, mas lamentam dizendo que “infelizmente não passaram de promessas dos responsáveis da PGR”.
Diante disso, dizem que caso a PGR não se pronuncie à favor das famílias das vítimas, estas advogam que estão determinados a realizarem os dois óbitos junto a sede do partido no poder por serem filhos dos ex-FAPLAS, antigo braço armado do MPLA.
Recorda-se que, os réus num total de sete, foram condenados as penas variaram de 17 a 14 anos de prisão, penas que depois foram agravadas pelo Tribunal Supremo. Foram condenados a 26 de Março de 2015, António Manuel Gamboa Vieira Lopes, chefe dos serviços de inteligência de Luanda, 17 anos de prisão efectiva, Augusto Paulo Mota, 16 anos.
Foram ainda condenados a prisão efectiva Manuel Miranda, 16 anos, Luís Miranda, 14 anos, Francisco Pimentel, 14 anos, Edivaldo Domingos dos Santos e Júnior Maurício, 17 anos. João Fragoso foi o único absolvido no processo que ficou conhecido como “caso Cassule e Kamulingue”.
Acompanhe aqui na página da Rádio Angola a entrevista completa