“TRIBALISMO E REGIONALISMO ANIQUILAM ANGOLA E ADIAM SINE-DIE O PROGRESSO DOS ANGOLANOS!”

Durante o voo ouvi coisas que nunca tinha ouvido de lá para cá, faz 43 anos.

Por exemplo, na conversa sobre a evolução dos povos, alguém me disse: “Vocês andam muito distraídos. Os grandes males que destroem Angola e matam silenciosamente os angolanos, no passado não foram as guerras civis em si, e hoje não são a corrupção e a má governação como erradamente se pensa. São sim os preconceitos e práticas tribalistas e regionalistas.

Eu perguntei: e como erradicar este mal? – Contrariamente ao que muitos pensam, sobretudo os africanos, nós (europeus), nos tempos idos também padecemos destes problemas. Também nos digladiamos de forma fratricida; a instabilidade travava o crescimento e desenvolvimento porque estavamos divididos em etnias, e nos refugiavamos muito nos nossos hábitos e costumes culturais, regionais. Foi necessário transportar a cidade e os citadinos para o campo e vice versa com todas as leis e normas de vivência e de cidadania, respeitando contudo as tradições de cada povo, cada localidade. E, o único remédio eficaz que se encontrou ao longo dos tempos, foi o combate cerrado, implacável e sem tréguas contra o analfabetismo, a ignorância e a pobreza, e nalguns casos contra o obscurantismo religioso-cultural. Hoje a estabilidade é um facto indismentível e graças ao dito atrás: “Na Europa e assim é em todos os páises ocidentais, dificilmente se consegue definir os limites da cidade e da aldeia (cidade e aldeia tornaram-se contíguas ‘uma da outra’: o mesmo asfalto que está na cidade, liga a aldeia; a mesma casa que está na aldeia encontra-se na cidade e, o mesmo Supermercado que está no centro da capital, também o vais encontrar na ‘suposta’ aldeia, onde o Centro Médico é apenas para cinco mil pessoas e o Grande Hospital de excelência acolhe o mínimo de pacientes porque o saneamento básico erradica as doenças pela raiz e os polos universitários formam homens e mulheres aceites em qualquer outro ponto do país) e quase ninguém questiona ou distingue a origem étnica ou regional de um dirigente ou governante. Porquê: “Porque têm na sua maioria esmagadora e na proporcionalidade, tão somente de idades e segundo a opção profissional escolhida por cada um, o mesmo nível de formação academico-profissional, o que proporciona à todos, o mesmo nível de vida”. “Também, porque lhes são dadas as mesmas oportunidades e os mesmos meios, para alcançarem e se realizarem”.

Por isso, é fundamental que se invista por igual todas as forças e meios na educação académica; na formação técnicoprofissional e no desenvolvimento sociocultural humano. E é justamente nisso que os vossos governos e governantes nunca irão investir seriamente, porque lhes interessa manter este status-quo de lutas intestinas tribalistas, regionalistas e entre pobres no seio do povo distraído, para garantirem a tranquilidade e a permanência da mesma elite no poder.

Ora, vocês africanos, e é esta a essência do problema em Angola. Os preconceitos da aculturação, angolano de primeira e de segunda, e as assimetrias regionais discriminadas quanto ao nível de miséria, jamais farão de Angola um país estável e dos angolanos um povo próspero. E, para agravar mais esta realidade, os Meios de Comunicação Social, que deveriam desempenhar um papel pedagógico ‘positivo’ na transformação das mentalidades, alimentam em grande medida este desespero e pessimismo quanto a um futuro melhor.