TERRAS NO UÍGE: FAZENDEIRO DESMENTE ACUSAÇÕES DA UNITA
O fazendeiro Mayaya André Filho é acusado por deputados do grupo parlamentar da UNITA de expropriar terras de cerca de 200 famílias na localidade de Njila Ngola, no município do Quitexe, Uíge, mas aquele nega todas as acusações e promete processar os deputados do maior partido na oposição, pelas falsas acusações.
O grupo parlamentar da UNITA produziu um relatório síntese sobre a visita de trabalho efectuada a localidade, depois de ter sido mandatada para constatar no local as denúncias contidas numa carta supostamente endereçada pela população daquela aldeia.
De acordo com o relatório com a data do dia 27 de Fevereiro e a que o Jornal de Angola teve acesso, a delegação da UNITA, composta pelos deputados Joaquim Nafoia e Clarice Mukinda e pelos assessores Figueiredo Mateus e Fautino Mumbika, a população de Njila Ngola terá denunciado a devastação das suas lavras por parte de Mayaya André Filho, a quem acusam, igualmente, de ter ameaçado a destruição da aldeia. Os populares, segundo ainda a UNITA, acusam, também, o fazendeiro de fazer o plantio de canábis, vulgo liamba, numa superfície de cinco hectares, bem como a exploração ilegal de madeira.
Os deputados da UNITA, que pretendem dar a conhecer o caso, à direcção da Assembleia Nacional, à Provedoria de Justiça e algumas instituições do Executivo, estranham o suposto silêncio das autoridades administrativas locais e a inversão do papel da Polícia que, no lugar de manter a ordem e tranquilidade públicas, colocou-se ao serviço do fazendeiro. Isso, de acordo com os parlamentares, pode indiciar suborno, como indicaram as populações.
Reações do fazendeiro
Em declarações ao Jornal de Angola, Mayaya André Filho refutou todas as acusações do grupo parlamentar da UNITA e ameaçou processar os deputados deste partido por terem invadido a sua propriedade e feito falsas acusações.
“No mínimo, eu devia ser notificado como proprietário da fazenda. Não fui tido nem achado. Eles ouviram apenas a versão de certas pessoas”, lamenta o fazendeiro, desconfia também que as autoridades locais e policiais não foram informadas sobre a entrada dos deputados da UNITA na sua propriedade.
Mayaya André Filho queixa-se do tempo em que está parado sem poder produzir e avisa que a bancada parlamentar da UNITA vai ter de indemnizá-lo, pelo tempo de inactividade. “Eles vão ainda ter de pedir desculpas públicas pelas falsas acusações”, afirmou o fazendeiro, que se mostrou bastante chateado pelo facto do seu nome estar a ser mal falado, inclusive nas redes sociais. Mayaya André Filho deixou claro que não expropriou ninguém. O fazendeiro alega que quando adquiriu espaço encontrou somente uma comunidade, a de Kissala Funda, e o sobado da mesma aldeia é quem lhe cedeu a parcela de mil hectares.
O fazendeiro negou, também, que seja produtor de canabis. “Mas eles acham que o banco vai emprestar dinheiro a alguém para produzir liamba?”, questiou Mayaya Filho, que desafia os deputados da UNITA a mostrarem as plantações daquele tipo de estupefaciente e quem foi que os mostrou, pois garante que nenhum dos seus 18 funcionários fez esse papel.
Mayaya André Filho admitiu que produzia madeira, mas apenas no perímetro da sua fazenda. Ao Jornal de Angola, o fazendeiro apresentou a documentação que lhe permitia exercer aquela actividade.
“Estou legal e pago impostos. Tenho cá comigo o certificado de produção e a licença de exploração florestal n.º 28/UG/IDF/2017”, exibiu.
A administradora municipal do Quitexe, Maria Odeth Tavares, diz que não há expropriação de terra na área sob sua jurisdição. Em declarações ao Novo Jornal, Odeth Tavares assegurou que o caso está a ser resolvido a nível do Governo Provincial, que está a encontrar mecanismos para resolver o conflito sem causar danos entre as parte.
A administradora diz que o espaço em disputa foi atribuído ao fazendeiro, que está a explorá-lo. Além disso, acrescenta, tem todos os documentos de base, e com eles deu os passos subsequentes.
Fonte: Jornal de Angola