“Também sou passageiro, a minha cadeira é parte do meu corpo” – Adão Ramos

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Na Caminhada pela Acessibilidade nos Transportes Colectivos de Passageiros, ontem, dissemos: “Também sou passageiro, a minha cadeira é parte do meu corpo”.

Por: Adão Ramos

Um número considerável de pessoas com Deficiência, sobretudo usuários de cadeiras de rodas, vivem diariamente o drama de passarem horas a fio, nas paragens de táxis e/ou autocarros, a fim de apanhar um e ir fazer suas vidas.

Não raro, os motoristas e cobradores, diante da solicitação do passageiro, não se coíbem de perguntar, “a cadeira também vai?” Pergunta a que dá vontade de responder com um “disparato”, tipo mandar um “da mãe”.

Para não variar, tendo a minha viatura avariada, ontem fui à caminhada de taxi(do Sequele ao Cemitério S.Ana), tal como andei ao longo dos muitos anos de luta pela vida. No regresso, com o Hossi Sonjamba e o António Mateus Titoy, esperei cerca de 1h00, para apanhar um taxi do S.Paulo à Cacuaco. E qual foi o motivo? O de sempre: maior parte dos carros não têm espaço para uma cadeira de rodas.

Esse motivo, mais a falta de vontade do motorista ou do cobrador, caso não tenhamos dinheiro para pagar o dobro ou o triplo da corrida, leva a que muitos permaneçam horas nas paragens. Isso repetido por semanas, meses e anos (como foi o meu caso), já fez com que algumas pessoas com deficiência desistissem dos estudos, perdessem bolsas de estudos, empregos e outras oportunidades.
Como consequência ficamos excluídos, à margem da sociedade.

Acessibilidade já é de Lei, de iniciativa do Executivo de JES e aprovado pelo Parlamento Angolano. Mas do papel não sai, para a sua implementação não passa, pois não há fiscalização, nem parece haver vontade das autoridades de, que seja aplicada.

Se as Acessibilidades e a Inclusão das pessoas com deficiência, fizessem parte da agenda governativa, e mesmo dos deputados, o quadro já teria mudado.
Custa concertar com as associações dos taxistas, para encontrarmos uma solução?
Nós temos ideias e soluções para contribuir.
Custa adaptar os autocarros com rampas, ou quando forem importá-los, trazer os, que já as têm? Porquê não o fazem?

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