SIC desmente rapto de quatro membros da mesma família
O Serviço de Investigação Criminal negou, na quinta-feira, 25, ter raptado e feito refém quatro membros da mesma família, que acusaram efectivos do SIC de terem agido a mando do empresário e proprietário do Grupo ‘”Sunrise Investment’”, cidadão chinês Jack Huang, mais conhecido por “Lin”, detentor do centro comercial “Shopping Kikolo’”, localizado no município do Cazenga, na capital do país.
Na sua reacção, o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC), superintendente-chefe de investigação criminal, Manuel Halaiwa, esclareceu que se trata de uma detenção normal e que os três irmãos estão a ser acusados de vandalismo e roubo de oito folhas de chapas de zinco:
“Na verdade, não foi um sequestro, nem tampouco qualquer acto ilegal, foi uma detenção, porquanto estes três indivíduos, por sinal, membros da mesma família, trata-se aqui dos nacionais António Mutumbe e João Chicola, mais conhecido por Mutumbe, de 34 anos de idade, João Caçoma Chicola, conhecido por Caiavio, solteiro de 29 anos de idade, e também Ernesto Chicola Jambito, solteiro de 23 anos de idade, tanto residentes na rua do Beco 7, no bairro Compão”, explicou.
Segundo Manuel Halaiwa, os membros da mesma família foram detidos pelo Departamento de Investigação Criminal (DIC) do Cazenga, por intermédio da Brigada Operativa adstrita à Esquadra Policial de Kawelele, cuja detenção aconteceu no dia 14 de Março de 2024.
“Pesa sobre eles algumas infrações penais, estamos a falar do vandalismo e também em concurso real com o roubo de oito folhas de chapa de zinco, tanto da vedação das obras do Kikolo Shopping”, avançou o porta-voz do SIC, para quem “houve aí uma apreensão de oito folhas de chapa de zinco encontradas em posse dos arguidos, que foram na verdade acusados do roubo dessas chapas”.
“Essas questões foram esclarecidas, porque até os indivíduos indagados confessaram e confirmaram a prática, e alegaram que as questões resultaram”, disse.
Manuel Halaiwa diz que o empresário chinês, dono do Shopping Kikolo, tal como qualquer cidadão, teria apresentado uma queixa e por isso as autoridades tiveram de atuar.
“Numa situação má, que se registou nas redondezas do shopping, houve uma inundação por conta das quedas pluviométricas ou descarga pluviométrica, facto que resultou numa contenda entre estes e a equipa de vigilantes em serviço”, contou o oficial.
Para Manuel Halaiwa, os indivíduos depois de detidos foram remetidos ao Ministério Público para trâmites processuais. “Dali, portanto, como sabe, hoje há um procedimento processual muito próprio que é remeter inicialmente ao Ministério Público e posteriormente ao juiz de garantia para aplicação das medidas de coação pessoal àqueles que se apresentam como orgulhosos nesta condição. Portanto, o que devemos aqui dizer é que não se tratou de qualquer…”, afirmou.
Conforme noticiado, O Decreto contactou o empresário chinês, mas sem sucesso. Entretanto, o director de asseguramento do Shopping Kikolo, Bráulio Bravo, minimizou as acusações uma vez que, disse, as supostas sevícias não se registaram nas suas instalações.
Recorda-se que, tudo começou quando várias famílias decidiram negar a proposta do empresário e proprietário do Grupo ‘’Sunrise Investment’’, o chinês Jack Huang, também conhecido por “Lin”, detentor do centro comercial “Shopping Kikolo’’, localizado no distrito urbano do Kikolo, município do Cazenga, na capital do país, que pretendia pagar um a três milhões de kwanzas, por cada moradia para a expansão das instalações.
Ernesto Chicola, ancião de 70 anos, relatou que foi agredido por ter no momento da detenção, acusado os efectivos do SIC de terem sido pagos pelo empresário chinês, que na visão da vítima, procura a todo custo negociar a um preço baixo as suas residências: “eu disse mesmo que te pagaram no chinês, foi assim que eles começaram a me agredir”, lamentou.
Um dos filhos do ancião, que também viveu as angústias do cárcere privado, António Chicola, conta que “ao chegar, busquei uma conversa direta com ele para resolver a situação, mas a resposta foi a mesma: a responsabilidade é de vocês. Após isso, sugeri falar com seu superior, mas fui informado de que ele não estava disponível. Ao tentar discutir a situação com ele, sugeri consultar a gerência para decidir”.
Em seguida, continuou António Chicola, “entrei em contacto com o coordenador do bairro para seguir as instruções da DIIP, que inicialmente negaram nos prender porque entendiam que não havia crime cometido por nós. Optei por contactar o coordenador do bairro em vez de ir diretamente à administração. Expliquei a situação e pedi sua intervenção, relatando as preocupações vivenciadas. É importante ressaltar que solicitamos a presença do coordenador em meio aos desafios enfrentados”, disse.
Lamentou o facto de “os homens da administração e o coordenador do bairro, todos esses trabalham, passam o dia no estabelecimento dos chineses, ele não está a defender mais o interesse da população, agora está a depender do interesse dos chineses, por isso é que o nosso bairro está direto que tem que causar a nossa detenção, porque se assim for, se ele trabalhar sempre com a população, não deve haver necessidade de morte, ele vai reclamar”, disse.
Afirmou que por falta de condições financeiras, a família Chicola não abriu qualquer processo contra o empresário chinês.
O Decreto