Seguranças da empresa Kadyapemba assassinam garimpeiros na Lunda-Norte

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As mortes de civis nas zonas de garimpo, têm sido frequentes nos municípios do Cuango e Xa-Muteba, “actos nocivos”, segundo a população, praticados por agentes da empresa de segurança privada “Kadyapemba”, que se encontra em serviço da Sociedade Mineira do Cuango (SMC), que vem explorando diamantes desde Maio de 2005, na província da Lunda-Norte.

Jordan Muacabinza | Cafunfo

Os activistas defensores dos direitos humanos na província rica em diamantes entendem que, face aos acontecimentos sucessivos, o país continua a ser dirigido e gerido pelos “incompetentes”, que deixam seu povo a ser assassinado a “olho nu”, sob o olhar “silencioso do Presidente da República, João Lourenço”.

No mês de Abril último, a região do Cuango, voltou a registar actos de assassinatos supostamente protagonizados, mais uma vez, pela empresa de segurança Kadyapemba, que segundo consta, foi criada na província do Kuanza-Norte pelo actual comandante provincial da Polícia Nacional em Luanda, comissário Eduardo Fernandes Serqueira.

A empresa em causa foi licenciada a 20 de Janeiro de 1999 e foi contratada pela Sociedade Mineira do Cuango (SMC) para proteger a sua concessão diamantífera.

Os agentes da Kadyapemba mataram a pancadaria no dia 24 de Abril, o cidadão Romeu Bernardo, 46 anos de idade, tendo escondido o corpo da vítima dentro de buraco em que a família só encontrou uma semana depois. “O agente da Kadyapemba que espancou até a morte o nosso irmão chama-se Alexandre Faustino, também conhecido por Sapo”, disse um dos familiares.

Ainda no dia 24 de Abril deste ano, o jovem Nelito Caxita Nacadilacu (C4), 27 anos, foi morto com um tiro na cabeça por um efectivo da mesma segurança Kadyapemba, na localidade de Tximbulaji, na regedoria de Ngonga Ngola, no município de Xa-Muteba.

O facto ocorreu arredores do bairro Ngana Bulaji (Tximbulaji), local onde a maioria da juventude tem se deslocado a procura de sobrevivência por meio do garimpo artesanal, cuja colaboração tem sido feita com os próprios seguranças Kayapemba, que, para ter acesso aos locais de exploração de diamantes, cada garimpeiro ou grupo são obrigados a pagar entre 300 a 400 mil kwanzas.

“Depois de ter sido abordado, os agentes de segurança fizeram vários disparos, tendo um dos quais atingido o irmão Nelito na cabeça causando assim morte imediata”, contou uma das testemunhas.

Entretanto, os disparos feitos no mesmo dia (24 de Abril), atingiram igualmente o jovem Yanvua João Modesto, 25 anos, a perna esquerda e que se encontra hospitalizado num dos posto médico do Bairro Bala Bala, no sector de Cafunfo.

“Os relatos de assassinatos de civis têm sido frequente nessas zonas, e isto indica que, Angola de João Lourenço é igual a administração da época do governo do ex-presidente José Eduardo dos Santos.

Cumplicidade do Governo Angolano

Os activistas locais há muito que têm vindo a denunciar os assassinatos de cidadãos (garimpeiros) nessas zonas ricas em diamantes, desde a era das empresas de segurança privada Bikuar e Teleservice, até ao momento continuam com os afectivos da Kadyapemba.

“Essas empresas arrancaram vidas de cidadãos locais, tudo sob o olhar cúmplice do governo angolano, sem nunca termos ouvido uma reacção do Presidente da República a condenar tais actos de mortes de cidadãos garimpeiros”, afirmam os activistas.

Os sobas e a maioria da população exigem a retirada dessa empresa Kadyapemba, devido às constantes mortes que têm provocado.

“Só este mês de Abril já contamos sete mortos, não queremos mais ouvir falar o nome dessa empresa, que para a população é um terror enorme”, disse o regedor-adjunto Xamuangala.

Todas as vítimas mortais eram residentes da vila diamantífera de Cafunfo, pelo que, os populares garantem que, “caso o governo não retire da região os seguranças da empresa Kadyapemba, nos próximos dias, vamos sair a rua para protestar e exigir a destituição dessa empresa que desde muitos anos arranca vida de civis na Lunda-Norte”.

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