Segurança da empresa mineira MUAPI dispara contra cidadão garimpeiro no Xá-Muteba
Um garimpeiro de 24 anos foi baleado pelas costas por um segurança da empresa privada MUAPI, ao serviço do Projecto Mineiro Milando, pertencente ao empresário identificado por Adolfo Pinto Muteba, considerado o “homem forte” do ministro do Interior, Eugénio Laborinho, no município do Xá-Muteba, província da Lunda-Norte.
O facto aconteceu a meio da tarde do dia 14 de Outubro, quando a vítima, que responde pelo nome de Manegna Romeu, se encontrava numa zona de exploração artesanal de diamantes numa localidade de Kavuba, no Xá-Muteba, onde muitos realizam tal prática habitual.
Segundo Manegna Romeu, o grupo foi surpreendido por supostos efectivos de segurança da empresa MUAPI, que protege o Projecto Milando, que pertence ao empresário Adolfo Pinto Muteba – “homem do boss Eugénio Laborinho”.
Os populares denunciaram que os seguranças da mesma empresa teriam recebido dos jovens garimpeiros somas avultadas em dinheiro para terem acesso ao local de exploração, o que não entendem as motivações de dispararem contra os garimpeiros por eles autorizados.
“Na manhã de segunda-feira, 14, os guardas surpreenderam os garimpeiros com fortes tiroteios, tendo um deles atingido com uma bala pelas costas, que lhe feriu com gravidade”, contou uma testemunha.
O garimpeiro baleado foi retirado do local de ocorrência pelos colegas do suposto segurança da empresa “MUAPI S.A” e foi transportado a jorrar sangue até ao Hospital Geral de Cafunfo, onde recebeu primeiros socorros antes de ser transferido para o Hospital Geral de Malanje.
Os populares e companheiros da vítima participaram da ocorrência à Polícia Nacional do Xá-Muteba e do Cafunfo, exigindo igualmente a responsabilização do presumível implicado no disparo que teria morto o jovem garimpeiro.
O activista dos direitos humanos, Jordan Muacabinza lembra que os casos de homicídios, torturas e assassinatos de garimpeiros fazem parte da rotina das empresas privadas de segurança que operam na região diamantífera das Lundas.
O também defensor dos direitos humanos lembrou que em Abril de 2023, um outro garimpeiro foi atingido mortalmente por um segurança da mesma empresaMUAPI, no bairro Bananeira, cujo autor continua impune.
De acordo com os habitantes de Kavuba existem mais casos desta natureza, sendo que muitos chegam mesmo a óbito sob o olhar silencioso dos órgãos de direito.
“No dia 30 de Setembro do corrente ano, um grupo de segurança MUAPI, surpreendeu com muitos disparos os habitantes do Birro Kavuba, tendo torturado gravemente o cidadãos David e Paulo, numa altura em que se preparavam um palhaço para fins de rituais daquela parcela do Xá-Muteba”, disse um dos populares.
Para os activistas, as autoridades de Luanda e da Lunda-Norte têm sido as principais responsáveis pela onda de violência sistemática contra garimpeiros, devido a teimosia, corrupção, abuso de poder, impunidade e à promiscuidade que se verifica nas estruturas acionistas, tanto das empresas mineiras como das cooperativas e ou Projectos mineiros privadas de segurança.
O Decreto