SEGURANÇA DA EMPRESA DE GENERAIS MATA MAIS UM CIDADÃO

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Agentes de segurança da empresa K&P Mineira dispararam mortalmente contra o cidadão Gabriel João Caxita, de 28 anos de idade, no dia 25 de Outubro, no Luremo, município do Cuango, província da Lunda-Norte. A empresa pertence ao director-geral do SIC Eugénio Alexandre e dois ex-comandante-gerais da PN.

Texto de Jordan Muacabinza

Gabriel João Caxita, que deixa um filho, foi enterrado no dia 26, morto à tiro por agentes da segurança K&P Mineira ao serviço da Sociedade Mineira Lumina, empresa de extracção de diamantes a operar na Lunda-Norte.

Na companhia de dois colegas, Gabriel resolveu ir à pesca para conseguir alimento e dinheiro ao vender o peixe, pois não podia ir ao garimpo de diamantes, actividade principal que desenvolve para subsistência, desde o início da denominada “Operação Transparência”.

Foi ao regresso, quando vinha com os colegas e alguns peixes que conseguiu pescar, que foram mandados parar por agentes de segurança identificados pela farda como pertencentes à empresa K&P. Imediatamente começaram a fugir, e em reacção os agentes dispararam contra os fugitivos, atingindo Gabriel.

João é um dos companheiros e também cunhado de Gabriel. Conta que ainda alertaram o malogrado mas este não conseguiu fugir a tempo. Para além deles, estava por perto uma senhora camponesa que viu os agentes a atirarem Gabriel ainda com vida ao rio.

Segundo os companheiros, os agentes desconfiaram que eles estivessem a extrair diamantes nos arredores, mas garantem que não e nem tinham materiais para aquele trabalho no momento. Quando regressaram ao rio encontraram Gabriel à beira a esvair-se em sangue, mas respirando ainda.

Chamaram logo a polícia local que fez questão levar Gabriel ao centro de saúde da empresa Lumina, a mesma ao qual prestam serviços os agentes de segurança. Mas a hemorragia não parava e por isso teve de ser transferido ao hospital de Cafunfo, onde morreu às 21 horas.

Gabriel foi levado à morgue provincial, mas não tinha energia eléctrica por falta de combustível, pelo que a empresa imediatamente comprou um caixão, onde puseram o corpo e levaram ao Luremo, onde vivia o malogrado. No dia seguinte realizou-se o enterro.

A Sociedade Mineira Lumina fez um termo de óbito pelo seu posto médico e assumiu as despesas funerárias. Mas a família garante que vai recorrer à justiça quando encerrar a cerimónia fúnebre com o propósito de responsabilizar a empresa e os agentes directamente.

A K&P é uma empresa reincidente em assassinatos de garimpeiros, amplamente denunciado pelo jornalista e activista Rafael Marques de Morais. A empresa é de oficiais superiores da Polícia Nacional e das FAA, entre os quais dois ex-comandante-gerais da PN, nomeadamente, José Alfredo “Ekuikui” e Alfredo Eduardo Manuel Mingas “Panda”, e ainda o director-geral do Serviço de Investigação Criminal (SIC) comissário-chefe Eugénio Pedro Alexandre e o comandante provincial do Huambo comissário Elias Dumbo Livulo.

Populares da comuna de Luremo mostraram-se revoltosos com o assassinato do jovem Gabriel e apelam ao presidente da República para que as empresas ponham fim às mortes de cidadãos nas localidades onde exploram diamantes.

“Tiram os diamantes e deixem as pessoas circular livremente. Essas empresas para além dos diamantes deixaram miséria na população”, disseram.

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