Reunião no Comando Provincial de Luanda discute detenção de oficial das FAA Daniel Neto

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Uma reunião realizada recentemente no Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional (CPLPN), com a participação do delegado do Ministério do Interior, Francisco Ribas, do antigo comandante municipal do Talatona, Joaquim do Rosário e outros oficiais superiores, traçou um plano considerado “macabro”, que visa injetar uma substância venenosa ao Tenente Coronel das Forças Armadas Angolanas (FAA), Daniel Neto, que se encontra detido há mais de quatro meses na Comarca de Viana.

Segundo uma fonte policial do Club-K, que terá presenciado o encontro, a reunião aconteceu na semana passada nas instalações do Comando Provincial de Luanda, e contou igualmente com a presença de vários oficiais da Polícia Nacional, que têm interesse nos terrenos da empresa “Konda Marta”.

A fonte ressalta que, na reunião, ficou decidido que, não tendo sido possível a eliminação física do director da empresa “Konda Marta” e porta-voz das camponesas, que reivindicam titularidade dos espaços no 11 de Novembro, deve ser transferido da Comarca de Viana para o Hospital Prisão de São Paulo (HPSP) nos próximo dias, com o pretexto de fazer consultas, uma vez que, em Junho último, Daniel Neto teria se queixado de febres dentro da cela.

“Na medida em que vai ser submetido a exames, vão aproveitar para injetar substância venenosa, que depois da sua libertação, vai causar transtornos na sua mente ao ponto de não ter capacidade de continuar a reivindicar pelos terrenos”, detalhou a fonte.

O tenente-coronel das FAA, Daniel Neto, foi detido na manhã do dia 10 de Junho deste ano, junto à Polícia Judiciária (PJ), em Luanda, acusado de crime de associação criminosa, o que a defesa alega não ter sustentabilidade.

Na altura, os homens supostamente “desconhecidos”, que se faziam transportar de uma viatura de marca Land Cruiser de cor branca com os vidros fumados com a matrícula LD 84-86 GK, levaram-no para um local incerto, mas que horas depois viriam aparecer numa das instalações do SIC.

Dado o envolvimento do delegado do Ministério do Interior e comandante da Polícia em Luanda, Francisco Ribas, foi colocado como “isca” um efectivo do SIC, identificado por Vanderley morador no Condomínio do Kino, sobrinho do Francisco Ribas, para controlar todos os movimentos do porta-voz das camponesas, Daniel Neto e demais funcionários da “Konda Marta”.

O plano, segundo ainda a fonte policial, que temos vindo a citar, passa igualmente pela detenção de mais um funcionário da empresa – com preferência para à chefe das operações da “Konda Marta”, que responde por Joana Magita, com vista a justificar a acusação do crime de “associação criminosa”.

No sábado, 14, uma equipa da inspecção do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional (CPPNL) deslocou-se até ao terreno em litígio no Distrito Urbano da Cidade Universitária, no município do Talatona, onde interagiu com uma das vitimas das demolições – por sinal efectivo da polícia, que depois foi prestar depoimentos do Comando Provincial, mas de acordo com a fonte, “a inspecção não consegue agir nos marcos da lei porque depende das orientações do delegado do Minint, que ao mesmo tempo é o comandante que tem interesses nos mesmos terrenos”, lamentou.

No terreno existem patrulhas com os fectivos armados, que dias e noites controlam os terrenos ocupados por altas patentes da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolanas (FAA), que usam meios e instituições do Estado para garantir fins pessoais.

“Quando tomaram conhecimento sobre a ida ao local de uma equipa da inspecção, retiraram as patrulhas e seus efectivos armados, mas que regressaram no terreno horas depois da retiradas dos homens da inspecção do Comando Provincial de Luanda”, relatou outro agente da polícia que acompanha o processo.

Enquanto isso, centenas de camponesas continuam ao relento após a demolição das suas habitações a 22 de Agosto último. As camponesas descrevem que, a manutenção da prisão de Daniel Neto “está a permitir o avanço das obras dos  invasores dos terrenos da “Konda Marta”.

Lamentaram a situação arrasta-se arrasta há mais de oito anos, com acções injustas por parte dos órgãos de defesa e segurança, que diariamente são “instrumentalizados” por supostos oficiais da Polícia e das FAA, com vista a satisfazer os interesses próprios.

O mesmo martelo demolidor deitou abaixo um templo da Igreja Evangélica Peniel (IEP) “Santa Cidade de David”, por uma força conjunta constituída por efectivos da Polícia Nacional (PN), Fiscais da Administração e Serviço de Protecção Civil e Bombeiros.

Club-K

 

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