Presidente da UNITA pede desculpas públicas às vítimas dos conflitos armados em Angola

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A UNITA pediu desculpas públicas às vítimas dos conflitos armados, ao povo angolano e a Deus, por tudo quanto de mal sucedeu ao longo do percurso de luta e resistência da UNITA para a conquista da democracia, liberdade em nome da paz duradoura em Angola.

Em conferência de imprensa nesta terça-feira, 5, na sede do Grupo Parlamentar da UNITA, em Luanda, o líder do maior partido na oposição, Adalberto Costa Júnior, lembrou que o seu partido sempre assumiu as suas responsabilidades perante a história, facto que disse ter sido ressaltado “na XVI Conferência Anual do Partido, em Abril de 2001”.

Segundo Costa Júnior, há 22 anos, o fundador da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi, pediu desculpas públicas e perdão por todos os erros, que constituem o passivo da sua organização política, “consubstanciados, entre outros, pelo desaparecimento físico de todas as vítimas do conflito nas áreas da responsabilização da UNITA”.

Este espírito de assunção de responsabilidades, disse Adalberto Costa Júnior continuou mesmo após o “heroico” falecimento do presidente fundador, Jonas Savimbi, tendo lembrado ainda que o general Lukamba Paulo “Gato”, nas vestes de coordenador da comissão de gestão da UNITA, o ex-líder Isaías Samakuva enquanto presidente da UNITA, “reiteradas vezes endereçaram”.

“O actual presidente, que é a pessoa que vos fala, reiteradas vezes endereçaram ao povo angolano pedidos de desculpas por tudo quanto de mal sucedeu ao longo do percurso de luta e resistência da UNITA para a conquista da democracia, liberdade em nome paz duradoura em Angola”, disse.

Salientou que “hoje, aqui e agora, em nome da UNITA, venho humildemente dirigir, mais uma vez, às vítimas dos conflitos, ao heroico povo angolano, a Deus, um pedido sincero de desculpas pela nossa parte”, reconheceu.

À imprensa, Adalberto Costa disse que a UNITA reitera a sua posição, da criação de uma comissão da verdade e reconciliação nacional, para que os angolanos tenham a coragem de abordar, com responsabilidade partilhada, o seu passivo “enquanto irmãos da mesma pátria”.

“Tudo para que se possa partilhar visões condizentes à projecção de uma Angola capaz de criar condições políticas, económicas e sociais para assegurar o bem-estar material e espiritual dos cidadãos e o desenvolvimento do país”, salientou.

UNITA condiciona participação na CIVICOP ao retomar dos propósitos da sua criação

Durante a conferência de imprensa orientada pelo presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior avisou que vai abandonar a comissão que visa a reconciliação em memória das vítimas dos conflitos políticos (CIVICOP) se não tiver garantias de que as “secretas” deixaram de interferir com os trabalhos desenvolvidos por esta organização.

Aos órgãos de comunicação social, o líder do “Galo Negro” acusou os serviços secretos angolanos de manterem uma acção desestabilizadora na CIVICOP, desviando a missão desta dos seus propósitos iniciais, que eram a reconciliação nacional através da dignificação dos que tombaram duranteos diversos conflitos que o país viveu deste a independência.

Na visão da UNITA, a Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos foi transformada numa arma de arremesso e julgamento público de adversários políticos como se fossem inimigos.

“Constata-se com preocupação um desvio deliberado dos propósitos que estiveram na base da criação da CIVICOP”, dizia a UNITA ainda na semana passada, por intermédio do seu grupo parlamentar, antes desta terça-feira, 5, Adalberto Costa Júnior ter renovado as críticas e condicionado a participação do partido nesta comissão à saída das secretas, que estão, diz, afincadamente a distorcer os seus propósitos.

O partido fundado por Jonas Savimbi lembrou que esta plataforma, que deveria ser a base sólida da reconciliação, foi transformada numa “instrumentalidade partidária de arremesso e julgamento público de adversários políticos como inimigos”.

A UNITA condena “veementemente” a forma como a CIVICOP exibiu as ossadas de algumas das vítimas, em desrespeito pelas famílias, valores e tradições africanas, pelo que exige a retomada dos objectivos e princípios que nortearam a sua criação, “o mais urgente possível”.

No entendimento dos “maninhos”, a continuidade destes desvios ao espírito de reconciliação e de paz atentam “a imagem das nossas instituições, grandemente afectada quando familiares das vítimas do 27 de Maio divulgaram em conferência de imprensa e em carta enviada ao Presidente da República que as ossadas recebidas e sujeitas à verificação não correspondiam aos seus familiares”.

Disse ainda que a posição dos órgãos do Estado deve ser de gestão prudente dos dois lados das vítimas do processo, procurando realizar a reconciliação pela integração política e pelo combate às tendências de estigmatização dos agentes activos de um e do outro lado do processo.

“Não é o que temos assistido. Quem mandatou este desvio? Foi o Presidente da República? Esta é uma iniciativa do Chefe do SINSE? Pretendem julgar Jonas Savimbi? Querem julgar os pais da Nação? Acham-se capazes de julgar Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi? Querem transformar-se em juízes do processo histórico?”, questionou Adalberto Costa Júnior.

Para o presidente da UNITA “nenhum angolano tem o direito de usar a dor alheia e o luto de famílias para aproveitamento e sobrevivência política”.

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