População de Cafunfo revoltada com destruição do cemitério para construção do Instituto Médio de Saúde

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A dor pela perda de um ente querido, independentemente do tempo em que ocorreu, pode torna-se mais evidente quando, a família se apercebe que, no local em que o malogrado foi sepultado, por cima da sua campa, vai ser colocado um betão para a construção de uma infraestrutura.

Jordan Muacabinza | Cafunfo

É este o cenário de tristeza que, nos últimos dias, tem dominado os moradores do sector de Cafunfo, depois de ficarem, a saber, que o um dos cemitérios vai deixar de existir, pois no local o Governo Provincial da Lunda-Norte decidiu erguer uma escola, trata-se do Instituto Médio de Saúde (IMS).

No quadro do Plano Integral de Intervenção dos Municípios (PIIM), o IMS de Cafunfo será construído por cima de centenas de campas do cemitério localizado no bairro Mukene, actual Gika Ngonga-Babi,, arredores de Cafunfo, nu município do Cuango.

Os habitantes do Cuango, que têm no referido cemitério os restos mortais dos seus entes queridos manifestam-se “indignados” com a decisão das autoridades da Lunda-Norte, que com vários espaços “decidiram destruir as campas para a construção de uma escola”.

Ouvidos por este portal, a população de Cafunfo pensa que o cemitério é um lugar onde permite dar destino aos corpos de maneira mais compatível com às normas sanitárias, bem como servem como uma homenagem póstuma para que, as pessoas que se foram possam ser sempre lembradas.

“É muito complicado quando uma administração não tem visão nem perspectivas de olhar pela importância de um cemitério”, disse um dos moradores, acrescentando que “tem de haver respeito pelos mortos, porque eles também passaram aqui onde nós estamos a governar”.

Os populares lamentam que maior parte dos cemitérios no Cuango “já foram vandalizados ao serem vendidos aos comerciantes estrangeiros pelos dirigentes da administração municipal”.

Alguns familiares que têm visitado a cada manhã local onde jazem os que partiram mais cedo para outra dimensão, “revoltam-se com a situação” e antevêem que, no próximo dia 2 de Novembro, data consagrada aos “fiéis defuntos”, por sinal feriado nacional, não terão onde ir depositar uma coroa de flores para homenagear os que partiram mais cedo.

Para muitos, a morte é, sem dúvida, um dos “grandes mistérios” que a humanidade ainda não conseguiu desvendar, porquanto, a consciência da morte é a característica mais humana e cultural da raça espécie humana, e sobre ela repousam as “angústias, desejos” e, principalmente, os esforços para retirar o seu aspecto de ruptura e de separação acarretados pela morte.

Administração do Cuango reage à insatisfação da população

A busca de contraditório, O Decreto contactou o administrador do Cuango, Guilherme Kangu, para quem o local em que se pretende erguer o Instituto Médio de Saúde (IMS), em Cafunfo, “é um cemitério mais antigo e sem mais qualquer importância”.

Para o governante, o cemitério em causa “já tinha sido desactivado há muitos anos”, tendo, no entanto garantido a existência de outro espaço para a construção do novo cemitério.

De recordar que, a primeira pedra para construção do Instituto Médio de Saúde, em Cafunfo foi lançada no dia 17 de Julho deste ano, pelo governador Ernesto Muangala, no bairro Gika, no âmbito do Plano Integral de Intervenção dos Municípios (PIIM).

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