POPULAÇÃO DAS LUNDAS APELA ORGANIZAÇÕES NÃ-GOVERNAMENTAIS A INVESTIGAREM ASSASSINATOS DE CIVIS

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Os constantes actos de assassinatos de cidadãos civis praticados supostamente por efectivos da Polícia Nacional (PN), Forças Armadas Angolanas (FAA), Polícia da Guarda Fronteiras (PGF) e agentes afectos às empresas de Segurança Privada que protegem as minas de diamantes, pertencentes a um grupo de generais e altas patentes da corporação, deixa a população das Lundas cada vez mais com o sentimento de insegurança.

Jordan Muacabinza | Cafunfo

Diante ao que consideram “silêncio estranho” do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, do Ministério do Interior (MININT), da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do Chefe de Estado, João Lourenço, a população da Lunda-Norte, devido a impunidade, “solicita com urgência” a intervenção das Organizações Não-Governamentais Nacionais e Estrangeiras (ONG´S), afim de investigarem tais acções que, segundo afiram, configuram numa “clara violação constante dos direitos humanos”.

Entretanto, dados que a Rádio Angola tem reportado, apontam que, as zonas de exploração de diamantes em toda extensão da província da Lunda-Norte continuam a registar actos de mortes de civis, acções que têm sido atribuídas a determinados agentes da autoridade e seguranças das empresas privadas.

Fontes da RA indicam que, as minas de diamantes que são protegidas pelos seguranças privados, a sua maioria pertence aos generais e altas patentes da corporação, e citam a conhecida empresa “Kadiapemba” que estaria a criar “terror no seio da população”.

De acordo com os populares que falaram a este portal, os seguranças destas instituições privadas, continuam a protagonizar assassinatos às noites e à luz do dia sempre que os populares na sua maioria jovens tentam ir às zonas de garimpo a procura do pão para a sobrevivência: “São atingidos mortalmente e atirados no rio Cuango”, denunciam.

Segundo descreve Moisés Kanhica, tio de João Moisés Txinguenji Samassina, jovem assassinado por volta das 17 horas do dia 22 de Abril do ano em curso, por um dos agentes de segurança Kadiapemba, no município de Xa-Muteba, os supostos assassinos continuam impunes mesmo depois da queixa-crime apresentada à Procuradoria-Geral da República.

Kanhica conta que, o seu parente tinha sido abordado “pelos Kadyapembas” que se encontravam a trabalhar na ponte do rio Cuango sobre zona de tximango, um assunto que a Rádio Angola já portou na devida altura.

Lembrou que, os familiares, após o incidente, redigiram uma petição à PGR no município para a responsabilização dos autores e ao mesmo tempo exigir indminização pelos danos causados, mas lamenta que até ao momento desde Abril em que ocorreu o assassinato “nem água vem nem água vai”, suspeitando que o processo tenha sido arquivado.

Numa constatação feita em alguns municípios da Lunda-Norte, a reportagem da Rádio Angola notou o sentimento de insegurança que paira no seio das populações que se manifesta apreensiva com o cenário prevalecente: “Não sabemos se amanhã poderá ser a nossa vez ao irmos às matas”, disse uma senhora que preferiu o anonimato.

Preocupados com as constantes mortes, os populares apelam às organizações não-governamentais nacionais e internacionais a investigar os casos de assassinatos de civis. “As Lundas hoje estão transformados num laboratório da morte”, afirmou o ancião Damião Mwatxima de 64 anos.

“As organizações de direitos humanos que façam só os possíveis de nos criar advogados para a solução destes casos que traumatizam muitos familiares das vítimas”, apelam.

Os populares afirmam que, para se acabar com tais “atrocidades”, “é urgente a intervenção do Presidente da República, João Lourenço, pois estamos a ser mortos devido aos diamantes”.

Para eles, o Governo Angolano devia priorizar algumas zonas para que a população consiga fazer o seu trabalho de garimpo para manter o sustento das famílias, já que, alegam não existir oportunidades de emprego para as populações.

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