POPULAÇÃO DA COMUNA DE CAMAXILO DIZ-SE ISOLADA DO RESTO PAÍS POR FALTA DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Os habitantes da Comuna de Camaxilo, município de Caungula, na Lunda-Norte, lamentam a situação em que estão votados, devido a falta de antenas que facilitam a comunicação da rede de telefonia móvel (Unitel e Movicel), facto que para eles, os isola do resto da província e do país.
Jordan Muacabinza | Cafunfo
Os habitantes de Camaxilo, localidade que dista a 45 quilómetros de Caungula sede do município, afiram que, para manter a comunicação como seus familiares e outras pessoas, são obrigados a percorrer longas distâncias até à sede municipal ao encontro da rede de comunicação.
Os sobas (autoridades tradicionais) sentem igualmente os constrangimentos da falta dos serviços de comunicação na localidade, um cenário que segundo referiram à Rádio Angola, já se arrasta há longos anos, e que cada administrador municipal e comunal, que passaram sabem do problema que os aflige.
O soba Baltazar Muambundji contou que: “Temos percorrido mais de 40 km a pé até à sede do município de Caungula para telefonarmos aos familiares, por isso, estamos muito tristes com esta situação, muito mais quando vemos em outras comunas a usar telefones móveis e nós aqui não”, disse, acrescentando que “estamos a pedir ao Presidente da Republica no sentido de nos pôr uma antena de comunicação”, apelou, para quem “já abordamos esta questão com todos os administradores que passaram no município e na comuna, bem como com o próprio governador Ernesto Muangala, mas a resposta tem sido sem sucesso”.
Recentemente numa visita de trabalho, um grupo de deputados afectos à décima comissão da Assembleia Nacional, constatou a realidade no terreno, tendo percebido que a população de Camaxilo, para além de não puder manter a comunicação via telefônica, também não tem acesso aos sinais dos canais 1 e 2 da Televisão Pública de Angola (TPA), tão pouco da Rádio Nacional de Angola (RNA), situação que deixou os parlamentos com ar de admiração.
“A única antena que está na sede do município de Caungula e o seu raio é limitado, ou seja, não oferece possibilidade de atingir a Comuna de Camaxilo, funcionando apenas onde há pessoas especiais do partido no poder”, disse à Rádio Angola o ancião Adolfo Sacai, argumentando que “não nos receia em dizer que, a falta destes serviços, que são direitos dos cidadãos de acordo com a Constituição da República, poderá ditar a derrotar do MPLA em Camaxilo nas próximas eleições, a contar já com as autarquias locais”, disse.
A população da comuna de Camaxilo aproveitou a presença dos deputados para manifestar o seu descontentamento sobre aquilo ao que chamaram de falsas promessas feitas durante a campanha eleitoral por parte do MPLA, o que no entendimento dos habitantes de Camaxilo, não passaram de “mentiras eleitoralistas”.
Na mesma ocasião, segundo apurou a Rádio Angola de fontes no local, os militantes do partido maioritário e alguns simpatizantes naquela parcela da Lunda-Norte, despiram as suas T-Shirts (camisolas) timbradas com as cores dos “camaradas” e as entregaram aos deputados do MPLA, para que estes as levassem aos “militantes privilegiados e favorecidos de outras comunas ou que servissem aos próprios deputados que ficam por debaixo de ar condicionado”, disse a fonte.
Os habitantes de Camaxilo clamam ao Titular do Poder Executivo a ver a situação porque passam, pois, entendem que a “comuna histórica está abandonada pelo Governo do MPLLA”, apesar de tantos governadores que já dirigiram a província da Lunda-Norte, desde 1978, ano em que foi criada.
A comuna de Camaxilo que dista a 45 quilómetros da sede do Município de Caungula, conta com 57 aldeias e tem uma população estimada em 14 mil habitantes.