Polícia Nacional carregou sobre manifestantes que reivindicam subida de propinas e emolumentos nas escolas

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Fonte: DW
A Polícia Nacional confirmou que deteve três cidadãos na sequência dos protestos de estudantes, em Luanda, contra a subida de propinas e emolumentos nas instituições de ensino, mas garante que “já foram soltos”.

A informação foi transmitida à imprensa pelo porta-voz do Comando Provincial da Polícia em Luanda, inspector-chefe Nestor Goubel, que disse que os efectivos da polícia agiram para “repor os pressupostos acordados” com os organizadores sobre o percurso da marcha.

“Os manifestantes quiseram descer para a Mutamba e, claro, que não foi o que se havia acordado no encontro que tivemos com os promotores da manifestação, razão pela qual ficámos ali naquele desentendimento”, afirmou o oficial da polícia.

Segundo Nestor Goubel, a polícia estava apenas a “impor” a autoridade “perante este incumprimento”. Por isso, acrescentou, foram detidos “três indivíduos e levados à esquadra, mas já foram liberados”.

Tiros e gás lacrimogéneo

Neste sábado (17.04), a polícia angolana dispersou com tiros e lançamento de gás lacrimogéneo a manifestação de estudantes, promovida pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), em protesto contra a subida de propinas e emolumentos nas instituições de ensino, uma marcha que começou de forma pacífica.

Mais de 250 estudantes e membros da sociedade civil responderam afirmativamente ao apelo do MEA e concentraram-se no Largo das Heroínas.

Sob olhar e protecção policial, a marcha teve início pontualmente as 13h (hora local) e com palavras de ordem como “a educação é um direito e não deve ser vendida” e “não matem o sonho da juventude, estudar é um direito”, os manifestantes percorreram a avenida Ho Chi Min.

Com várias paragens ao longo do percurso, a marcha contornou o largo 1º de Maio, mas foi à entrada da rua Nicolau Gomes Spencer que os ânimos dos manifestantes se alteraram uma vez que uns pretendiam marchar até à sede do Ministério das Finanças e outros até ao Largo dos Ministérios, a quinhentos metros onde seria lido um “manifesto”.

Tensão

Com a tensão a crescer, a polícia reforçou o efectivo no local, com agentes da polícia de intervenção rápida e da brigada canina, e os estudantes romperam o primeiro cordão policial, mas não conseguiram transpor o segundo cordão.

“Insatisfeitos” pela alteração do percurso da marcha, a polícia ainda tentou apaziguar os ânimos, mas acabou por dispersar os manifestantes com tiros e gás lacrimogéneo causando “pânico” aos manifestantes e transeuntes.

O presidente do MEA, Francisco Teixeira afirmou que, entre os manifestantes, houve “alguns feridos” e confirmou que os detidos “já foram soltos”.

“Não percebemos como é que mesmo depois de termos chegado ao Largo dos Ministérios ainda assim a polícia veio por cima de nós e nos bateu”, lamentou o líder associativo.

O porta-voz da polícia, na capital angolana, garantiu, contudo, que “não houve qualquer ferido”.

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