Polícia do Lobito detém dez activistas por exigirem restituição dos mercados informais destruídos pela Administração Municipal

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Pelo menos dez activistas afectos ao “Movimento Revolucionário – núcleo do Lobito”, província de Benguela e um jornalista da Emissora Católica de Angola, foram detidos nesta quarta-feira, 02, pela Polícia Nacional, na sequência de uma manifestação de rua, que visava exigir a restituição dos mercados informais na cidade do Lobito, supostamente destruídos pela administração municipal durante a vigência do “Estado de Emergência”.

Faustino Dumbo | Lobito

Entre os manifestantes detidos e que se encontram nas celas do Serviço de Investigação Criminal do Lobito constam os activistas Rodinho, António Pongoti, Avisto Botha, Eduardo Ngumbe, Mohammed Sofista e um jornalista da Rádio Ecclésia, Pedro Tchindele detidos nas proximidades da Unidade Operativa de Viação e Trânsito.

No local, o grupo de manifestantes foi logo dispersado pela polícia, que dias antes, o comandante municipal do Lobito já havia “proibido” a realização do mesmo protesto.

Os agentes da corporação carregaram sobre os “manifestantes pacíficos”, que se viram obrigados a “fugir” do local da concentração, quando se preparavam para a pretensa marcha, que de acordo com o itinerário, partiria da “rotunda do africano” até cem metros das instalações da Administração Municipal do Lobito.

“A voz do povo é a voz de Deus, exigimos a restituição das praças”, podia ler-se num dos cartazes exibidos pelos activistas.

A polícia pediu que os manifestantes saíssem do local e, na sequência de trocas de palavras entre as duas partes, as autoridades em número superior aos manifestantes, dispersaram os activistas com recurso à força, tendo alguns sido levados em viaturas policiais.

Em declarações breves ao telefone à Rádio Angola, o activista António Pongoti confirmou a sua detenção e dos demais colegas seus na Operativa de Viação e Trânsito, onde até ao fecho desta matéria ainda estavam detidos os dez “revus”.

A Rádio Angola apurou de uma fonte do Serviço de Investigação Criminal (SIC-Lobito) que os activistas detidos vão a julgamento sumário nesta sexta-feira, 04.

Num comunicado emitido, a Polícia Nacional teria avisado aos “promotores da manifestação e aos cidadãos em geral para que se abstivessem de tais práticas”, assegurando que iria tratar disso com “toda a legitimidade para garantir que não haja perturbação da ordem” e “responsabilizar criminalmente os infractores” visto que, referiu o comunicado, “estamos a comemorar o aniversário da cidade do Lobito”.

Segundo a população, os mercados informais do Compão e Chapanguele no Lobito foram destruídos nos dias 1 e 2 de Abril último, durante o “Estado de Emergência” sem o aviso prévio e a acção teria sido feita no período nocturno.

Na visão dos populares, a Administração Municipal do Lobito na pessoa do seu titular Carlos Vasconcelos, aproveitou-se do “Estado de Emergência para consumar o tal acto, deixando dezenas de famílias mais vulneráveis sem pão para comer no seu dia-a-dia”.

A população lembra que, após as demolições, Carlos Vasconcelos afirmou “categoricamente” à imprensa que podia ser erguido um novo mercado no “Chivili”, no bairro São João, tendo garantido que as obras terminariam no dia 30 de Abril do corrente ano, mas segundo os munícipes, o “administrador não cumpriu com a sua promessa, os dias foram passando a construção não foi concluída e a obra está parada”.

Entretanto, passados mais de quatro meses, os feirantes continuam sem um mercado fixo para realizar as suas actividades de venda, que para a maioria da população constitui a “única fonte de sobrevivência”.

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