Polícia de Talatona lança gás lacrimpgénio contra camponesas e provoca desmaios

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O litígio fundiário prevalecente na zona do 11 de Novembro, no Distrito Urbano da Cidade Universitária, no município do Talatona, em Luanda, não só tem afectado negativamente os adultos, mas também as crianças, cujos pais sofrem agressões constantes de efectivos da Polícia Nacional (PN) do Comando Municipal do Talatona, supostamente a mando do subcomissário Joaquim do Rosário, acusado de ter interesse nos terrenos em causa.

Ao princípio da noite de terça-feira, 14, os camponeses foram surpreendidos por oito patrulhas da Polícia Nacional da Unidade Operativa de Luanda, acompanhados de agentes armados, que mais uma vez, segundo os populares, usaram a força contra eles lançando gás lacrimogêneo que resultou em desmaios de muitas senhoras, sendo que perto de dez tiveram que ser evacuadas para o Hospital Américo Boavida.

Os agentes da Polícia que estiveram nesta “operação”, alegaram que estavam a cumprir a “ordem superior” do comandante do Talatona da Polícia Nacional, subcomissário Joaquim Dadinho do Rosário.

As crianças lamentam o estado em que vivem e questionam se elas e os seus pais, não têm direito de viver com dignidade. “Será que Deus só fez a terra para o benefício dos polícias e nós não temos direito?”, questionou a pequena Maria de 13 anos, ouvido pelo Club-K, com lágrimas no rosto, que apela a intervenção do Presidente da República, João Lourenço, uma vez que foi demolida a única escola de chapas onde aprendiam a ler e escrever.

Outra criança disse que nos últimos anos “não vivem à vontade, devido à presença constante de polícias armados que batem, maltratam os nossos pais, destroem as casas e não temos onde ficar”.

O facto aconteceu um dia depois do encontro entre o director da sociedade “Konda Marta”, Daniel Neto, com o seu advogado e o comandante geral da Polícia Nacional, comissário-chefe Arnaldo Carlos.

O porta-voz dos camponeses, Daniel Neto revelou que, após o encontro o comandante geral orientou o inspector da corporação, Inocêncio Morais de Brito, para acompanhar o processo, tendo solicitado no período de três dias, a junção de todas as provas que denunciam a presença de efectivos da polícia no espaço em causa, alegadamente a mando do subcomissário Joaquim do Rosário.

Daniel Neto, que volta a condenar o comportamento das autoridades, reiterou o envolvimento do comissário chefe, Francisco Ribas, comandante da Polícia em Luanda, pelo facto de “ter autorizado a saída de patrulhas da Unidade Operativa” para agredir as camponesas, com forma de dar protecção a Joaquim Dadinho do Rosário.

“Eles não mexem no comandante Rosário porque é o seu ponta de lança de todas essas entidades”, disse.

Mimosa Camonga, que fez parte do encontro no Comando Geral da Polícia Nacional (CGPN), disse que são actos que, mais uma vez, violam os direitos humanos, pois as camponesas, na sua maioria idosas, sofrem torturas físicas e psicológicas por parte dos agentes que “sempre falaram em ordens superiores do Comandante do Talatona, Joaquim do Rosário”.

Uma das vítimas da intoxicação do gás lacrimogénio alegadamente lançado pelos agentes da autoridade, contou o drama vivido na noite de terça-feira, 14, no 11 de Novembro, ao ponto de ter perdido os sentidos e ser transportada para o Américo Boavida.

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