PAÍS TEM APENAS TRINTA CARDIOPNEUMOLOGISTAS
Ana Filomena que preside a associação angolana de especialistas do ramo disse que o ensino da especialização em Cardiopneumonia no país ainda é deficitário
O país dispõe de apenas 30 especialistas em cardiologia e pneumologia, número que ainda representa “uma gota no oceano”, disse ontem, Luanda, a presidente da Associação Angolana de Cardiopneumologistas.
De acordo com Ana Filomena, os 30 médicos actualmente superam os nove existentes até ao ano de 2012, por altura da fundação da Associação Angolana de Cardiopneumologistas, número que vem crescendo com o regresso ao país de especialistas formados no exterior.
Em entrevista ao Jornal de Angola à margem do I Encontro de Cardiopneumologistas, a presidente da associação angolana especializada no ramo lamentou o facto de haver poucos profissionais de cardiologia e penumologia no país para atender a demanda.
A especialista defende que se formem mais profissionais do ramo e consequentemente distribuí-los por todo território nacional. Assim sendo, vaticinou a fonte do Jornal de Angola, será uma forma de colmatar as necessidades da população em termo de assistência médica. Instado a falar sobre a qualidade do ensino desta especialidade ministrada em várias instituições com cursos de saúde, Ana Filomena disse que o ensino da especialização em Cardiopneumonia no país ainda é deficitário. A qualidade de ensino de cardiologia e pneumologia em Angola está a preocupar a Associação Angolana de Cardiopneumologistas, que defende a uniformização de algumas cadeiras nucleares desta especialidade em instituições de ensino superior.
A presidente da Associação Angolana de Cardiopneumologista apelou aos ministérios da Saúde, do Ensino Superior e da Ciência Tecnologia e Inovação, para que tenham uma maior atenção aos estudantes formados em várias universidades que ministram cursos de saúde.
“Temos alunos com diplomas do curso de Cardiopneumologia, mas que nunca tiveram aulas de algumas áreas que comportam a especialidade. Sabemos que existem instituições do ensino médio, que leccionam este curso, daí que nalgumas vezes perguntamos, quem está a ensinar se no ensino superior temos dificuldades em profissionais
da cadeira para docência?”, questionou.
Em seu entender, existem indivíduos que se dizem profissionais do ramo de cardiopneumologia, que geralmente apresentam divergências no tocante a conceitos, noções ou definições sobre a especialização, o que adensa a preocupação da agremiação relativamente à qualidade de ensino, bem como a uniformização de cadeiras nucleares do curso em todas as instituições.
“Por exemplo, um indivíduo que termina o curso médio de saúde, e que não teve aulas de Electrocardiograma, Ecocardiograma, Hemodinâmica, Electrofisiologia, Pacing e outras disciplinas, pode-se considerar profissional do ramo?”, questionou a médica angolana.
Para Ana Filomena, é preciso ter em conta que enquanto profissionais, se alguém fazer um diagnóstico errado, corre o alto risco de matar o doente, tendo acentuado a necessidade de se respeitar a vida humana, advogando que “para que haja esse respeito é bom que conheçamos a especialidade”.
Segundo a responsável, os especialistas afectos à Associação Angolana de Cardiopneumologistas, enquanto profissionais e docentes, vêem-se obrigados a não concordar que se coloque no mercado de trabalho alguém com uma formação deficitária, quando se sabe que este vai lidar com vidas humanas. Sublinhou que a nível dos hospitais públicos aonde acorre o maior número de pessoas doentes, há a obrigação de ter profissionais competentes e capazes de dar resposta para aqueles que procuram soluções para os seus problemas de saúde.
“Queremos desta forma, que os problemas relativamente à cardiopneumologia no país, sejam canalizados e solucionadas por aqueles que conhecem esta especialidade médica”, realçou.
O vice-reitor da Universidade Metodista de Angola para área Académica e Estudantil, Eurico Ngunga, disse que a sua instituição tudo tem feito para que os formandos do curso de Cardiopneumologia aprendam o máximo, e que entrem para o mercado de trabalho com as competências capazes de
satisfazer as necessidades da especialidade.
O primeiro Encontro da Cardiopneumonia em Angola, uma parceria entre a Universidade Metodista de Angola (UMA) e a Associação Angolana de Cadiopneumologistas, reuniu os profissionais do ramo e despertou algumas inquietações da sociedade, tendo passado a mensagem do que a especialidade aspira para os próximos tempos.
A especialidade
A Cardiopneumologia centra-se no desenvolvimento de actividades técnicas para o estudo funcional e de capacidade anatomofisiopatológica do coração, vasos e pulmões e de actividades ao nível da programação, aplicação de meios de diagnóstico e sua avaliação, bem como no desenvolvimento de acções terapêuticas específicas, no âmbito da cardiologia, pneumologia e cirurgia cardiotorácica.
O profissional nesta especialidade, cardiopneumologista, é o individuo que actua no âmbito da cardiologia, angiologia, pneumologia e cirurgia cardiotorácica, integrando uma equipa de saúde multidisciplinar.
Fonte: JA