O que fazemos com os chamados lotadores nas paragens de táxis e como foram lá parar? – Nzuanga Mayindo

Compartilhe

Ponto prévio!

Pelo menos, todos nós sabemos que, o mundo e o país de forma particular, nos meandros económicos, não gozam de uma boa saúde. As famílias – a toda escala, no dia-a-dia sentem o apertar do cinto, uns com mais intensidade outros com menos.

Os cálculos para prover o básico para agregados feitos à madrugada em pleno sussurro com almofadas, que absorvem as lamúrias, não revelam o resultado da equação para eliminar o fantasma da fome, que assombra os famigerados que ao amanhecer e pôr-do-sol disputam os locais que recebem os restos de quem tem um prato de comida à mesa.

Por está razão, neste exercício para corrermos com a fome que os lotadores buscam nas paragens, todos somos chamados a fim de encontrarmos as melhores vias – e se eles existem e estão apinhados nos locais reservados aos candongueiros para carga e descarga, penso que, urge não arrastarmos o assunto pelas eventuais implicações, que poderão ter nosso tecido económico.

O QUE FAZEMOS ENTÃO COM OS NOSSOS AMADOS LOTADORES?

São as vozes que mais ecoam nos últimos tempos nas paragens, auxiliando os cobradores de táxis a preencher os assentos dos nossos famosos azuis e brancos.

Baptizados por “lotadores”, alcunha que os distingue na sempre e habitual agitação de Luanda, uniformizados com t-shirts e coletes estampados com os nomes das associações que dão cunho à actividade de táxi, os jovens justificam a presença massiva  nas paragens  pela procura  do pão nosso de cada dia .

COMO FORAM LÁ PARAR?

Não mergulhando em ceara alheia, que dá maternidade aos economistas, contabilistas,  sociólogos, no ponto prévio, tentamos traçar uma realidade que mexe com o nosso âmago e que leva alguns compatriotas a encontrarem meios possíveis para aquecer o estômago.

Perante o inegável cenário que envolve centenas, senão mesmo milhares de jovens angolanos, somos a sugerir, que as associações de taxistas e, organizações juvenis que abarcam as políticas da chamada força motriz da sociedade, que se pense em ter os jovens nesta condição como activos e não passivos.

E a agricultura, foi eleita como o sector ideal para melhor enquadrar os jovens que nas paragens ao invés de contribuírem para organização do serviço de táxi, o embaraçam ainda mais criando um verdadeiro caos entre os passageiros, cobradores e motoristas.

Pois, o que ouvimos são mais lamentações dos taxistas, que por cada passageiro, são  obrigados a pagar 100 kwanzas ao lotador, e se não cumprem com a exigência correm o risco de ver o carro saqueado colocando a vida dele e a dos acompanhantes em risco.

Alguns lotadores não gozam de boa fama, dizem que na sua ousadia intestina, furtam e roubam os telemóveis e outros artigos dos cidadãos indefesos. Por estas e outras razões, os especialistas em segurança pública, sublinham que, os lotadores constituem um perigo para à balança socioeconómica do Estado, daí, ser imprescindível não adiar o debate sobre que políticas devem ser traçadas para amparar os famosos lotadores no circuito produtivo.

SOLUÇÃO PARA SAÍDA DO PROBLEMA

Acreditamos que, se um daqueles bons samaritanos empresários, que pululam em dizer que têm centenas de milhões para gastar como e com quem querem torrar a massa, se tivessem a ideia em criar um projecto agrícola, uma espécie de cidade alimentar, a exemplo da Agro Quiminha,  teríamos achado a fórmula para retirar os jovens das paragens de táxis.

Vamos supor que um projecto agrícola seja criado numa região qualquer do país com dormitórios, refeitórios, balneários, quadras polidesportivas, com internet, sistema de televisão por satélite que os permita acompanhar os jogos e salário no final de cada mês, temos certeza mais que absoluta que muitos poderão abraçar a ideia e deixarem de imediato as ruas de Luanda, vivendo  na indigência.

Salvo melhor opinião, julgo que, se alguém implementar um projecto deste calibre, iríamos salvaguardar vidas e dar dignidade aos jovens que desejam ter uma oportunidade, por um lado, por outro,  o país  ganharia um incremento na cadeia de produção de alimentos, alargaria a sua base tributária  com o IRT, teria famílias  sólidas  com os jovens a proverem alimentos  para os seus agregados.

Não tenhamos receios, basta que coloquemos pessoas certas e sérias a gerir o projecto e não os que engendram ou esboçam projectos para abocanhar a verba alocada para o efeito. Há neste solo pátrio ainda gente honesta que procura auxiliar o executivo em dar resposta aos problemas dos cidadãos.

A Agro-Líder no Bengo e a fazenda Girassol  no Zaire, são  exemplos  nesta matéria, nestes projectos agrícolas trabalham jovens em regime de internos, cujo controlo é  feito por uma equipa que mantém a disciplina, molda o carácter  deles, dá  formação  técnica  e agrária etc.

Nos campos da fazenda Girassol, encontramos mulheres tratoristas, cultivadores e mulheres dedicadas em seleccionar os produtos colhidos. Sublinha-se que todo aprendizado  foi feito na fazenda…

COMO LEVÁ-LOS PARA AS FAZENDAS?

Acreditamos não ser um bicho de sete cabeças, em primeira instância serão  convidados de forma voluntária a integrarem a iniciativa,  com registo, cadastro na base de dados nacional.  Aqueles que não aderirem e que insistirem nas paragens incorrem na prática  do crime de desobediência, assim como aqueles que  eventualmente fugirem do projecto agrícola e regressarem às  ruas.

Os que não aceitarem trabalhar nas indústrias ou projectos agrícolas, a medida mais adequada é a recolha compulsiva e serem levados para uma unidade penitenciária. O Estado precisa agir com medidas duras para que possamos construir uma sociedade harmoniosa.

É momento de agirmos, é momento de não deixarmos este assunto sob a decisão dos nossos olhos que convivem com os chamados lotadores sem que pensemos em alguma solução.

A agricultura pode ser a saída airosa para o problema.

Radio Angola

Radio Angola aims to strengthen the capacity of civil society and promote nonviolent civic engagement in Angola and around the world. More at: http://www.friendsofangola.org

Leave a Reply