“O problema de Angola é o roubo frenético do dinheiro do erário público”, diz Makuta Nkondo

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Em entrevista à Rádio Angola, Makuta Nkondo disse que o que mais lhe preocupa “é a falta de seriedade do país e a cegueira do povo angolano”. Para ele, “o problema de Angola é o roubo frenético do dinheiro do erário público, perpetrado pelo regime do MPLA no poder há mais de 40 anos, liderado pelo presidente José Eduardo dos Santos”.

Nesta entrevista, o homem do reino do Congo não acredita por uma viragem política nas eleições gerais previstas para Agosto de 2017, isto é, numa possível victória da oposição, por entender que “o processo já está viciado à partida com o MAT a conduzir o processo do Registo Eleitoral”.

Revela que, quando terminou o mandato no Parlamento ninguém o defendeu. Segundo Makuta Nkondo “a lei determina que, todo o deputado com mais de 60 anos de idade, quando termina o mandato e não volta ao parlamento, tem o direito de subsídio vitalício, mas a mim não me deram”, lamentou Makuta que na altura estava com 64 anos.

“Tentei falar com a UNITA, mas  não me defendeu”. A minha filha que advogada é que tratou do caso, escrevendo ao presidente da Assembleia Nacional, na altura António Paulo Cassoma, tendo depois concedido a reforma que não é mais de 50 mil kwanzas”, frisou.

Makuta Nkondo, antigo deputado à Assembleia Nacional pela bancada parlamentar da UNITA como independente, na legislatura de 2008, revelou à Rádio Angola que, durante o tempo que esteve no hemiciclo angolano, sentiu pouca ou quase “nenhuma” solidariedade por parte dos deputados da bancada em que pertencia (UNITA), alegadamente por causa das sua intervenções que eram tidas como “radicais” nas discussões.

“Desculpe, o que aconteceu no parlamento, muita gente não gosta ouvir isso, mas é a realidade, eu era mais ostracizado, atacado e abandonado pela bancada que representava. Até os deputados do MPLA eram mais solidários comigo do que os da UNITA”, disse.

Questionado sobre as razões que estariam na base de os seus colegas de bancada se afastarem de si, Makuta Nkondo sustentou que “a UNITA não gosta de pessoas que tenham popularidade e força. Chegaram mesmo de dizer que eu estava a cobiçar o lugar de Samakuva, bem como de querer tirar o poder da UNITA do centro sul do país, nomeadamente do Bié para o norte Bakongo”.

Lembra que um dos momentos em que “sentiu-se mesmo abandonado”, foi quando lhe foi instaurado um processo “crime pelo regime” por este ter questionado numa das sessões do Parlamento as origens do actual presidente da República, José Eduardo dos Santos, que segundo Makuta Nkondo, a nacionalidade angolana de JES “é duvidosa”.

“Estávamos à aprovar na altura, a lei sobre a segurança do estado e, como sabemos, o responsável número um pela segurança do Estado é o Presidente da República, por isso, ele deve ser um filho genuíno do país e perguntei esse é daonde?”, questionara Makuta Nkondo sobre as origens do chefe de estado angolano, José Eduardo dos Santos.

“Como esconde as suas verdadeiras origens, pedi que tínhamos que aprovar já uma resolução de destituição de Eduardo dos Santos, dos cargos que ocupa e se for declarado culpado por um Tribunal, ele deve ser condenado a morte e executado”, defendeu na ocasião, lembrando que “as minhas declarações provocaram um pânico na Assembleia Nacional e Roberto de Almeida, deputado do MPLA, considerou um golpe de estado”, recordou.

O antigo jornalista no activo na Angop e representante da Agência noticiosa France Press em Angola nega qualquer pretensão de criar partido político para representar a etnia bakongo, apesar de um “assédio” quase permanente de várias correntes ligadas aos antigos combatentes, da sociedade civil, bem como de algumas igrejas. “Nunca tive esta pretensão, pois pretendo me reformar da vida política activa, tendo em conta a minha idade, para servir apenas de conselheiro aos mais novos”, disse.

Acompanhe aqui nesta página, a entrevista completa que Makuta Nkondo concedeu à Rádio Angola: http://www.blogtalkradio.com/radioangola/2016/12/18/o-problema-de-angola-o-roubo-frentico-do-dinheiro-do-errio-pblicomakuta

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