NO BOCOIO: MPLA DESVALORIZA ACTIVIDADE SOBRE “DIA DA PAZ E RECONCILIAÇÃO NACIONAL”

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A “OMUNGA”, uma defensora dos direitos humanos, considera que a ausência do partido no poder na última actividade realizada por aquela organização não governamental, no município do Bocoio, província de Benguela, sobre o “Dia da Paz e Reconciliação Nacional”, denota “falta de interesse” do MPLA na reconciliação das populações daquela parcela do país.

Texto de Pinto Muxima

Para promover a tolerância entre os habitantes de Bocoio, uma região de Benguela onde com frequência acontecem vários conflitos devido à filiação partidária entre militantes da UNITA e do MPLA, a ONG “OMUNGA”, promoveu em vésperas do dia 04 de Abril do ano em curso, uma actividade musico-cultural em prol da “Paz e Tolerância” no município do Bocoio província de Benguela com o propósito de apaziguar as populações daquela localidade.

No local, a reportagem da Rádio Angola ouviu o director executivo da OMUNGA José Patrocínio que na ocasião transmitiu às populações de Bocoio a importância da preservação da paz no seio das comunidades. “É muito importante conviver harmoniosamente na diferença, e para mim, como director desta organização, participar na pacificação da nação é algo muito pertinente e basilar”, disse José Patrocínio.

Questionado sobre a ausência do MPLA naquele evento, Patrocínio afirmou ser normal, mas ao mesmo tempo lamentou o facto, argumentando que “a ausência do MPLA neste evento denota que este partido é um dos mentores dos conflitos naquele município”.

José Patrocínio disse que tudo acontece devido ao que chama de “falta de separação entre o cargo de administrador municipal e primeiro secretário do partido no poder”. “Estamos ainda numa confusão em que o Secretário do MPLA é também Administrador municipal, é preciso dar valor e colocar em prática os artigos plasmados na Constituição da República para que todos participem na democratização do país”.

“O Administrador comunicou previamente que não estaria no evento por causa de outro assunto que iria tratar, mas o mal é que não mandou ninguém para o representar, tendo apenas garantido de que iriam participar no jantar de confraternização”, contou o responsável da OMUNGA, para quem o processo democrático não se cumpre somente nas eleições”.

Questionado sobre a importância da paz, aquele dirigente cívico disse que todos têm de ter paz nos corações porque se a paz limitar-se no calar das armas, “então concluiremos que não temos paz, enquanto os outros forem a terem mais direitos do que os outros, nós não temos paz, enquanto os outros morrerem com a seca e os outros um pouco mais abastados nós não temos paz, enquanto não tivermos a coragem de dar a mão ao menino de rua, nós não temos paz, enquanto os hospitais não terem medicamentos e as populações continuarem a morrerem nos hospitais por falta de medicamentos, nós não temos paz, enquanto não haver a boa distribuição das riquezas, nós não temos paz, enquanto a polícia continuar a prejudicar outros e defender outros, nós não temos paz. A paz é algo muito valioso que sem ela não é possível viver com dignidade numa Nação como Angola”, concluiu.

Já, o secretário da UNITA no Bocoio, José Manuel João Chilumbo, aproveitou agradecer o esforço empreendido pela OMUNGA e encorajou aquela organização a realizar com frequência acções do género porque assim sendo, entende o político, a população do Bocoio não poderá se sentir abandonada porquanto segundo o “maninho”, só com as intervenções das ONGs se pode baixar o nível de violência que o município tem registado.

O evento musico-cultural promovido pela OMUNGA no município do Bocoio, teve a participação de vários músicos de Benguela, com destaque para Justino Handanga.

 

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