MUNÍCIPES DE M’BANZA KONGO EXIGEM SAÍDA DO GOVERNADOR JOANES ANDRÉ

Compartilhe

Centenas de cidadãos vindos de vários pontos da província do Zaire juntaram-se nesse sábado em M’banza Kongo para manifestarem o seu descontentamento pela má governação da província do Zaire, sobre chefia de Joanes André.

Texto de Rádio Angola

A marcha teve início às 13H, e não às 10h00, como circulava nas redes sociais, em cumprimento ao disposto na lei das manifestações e reuniões (lei 16/91), tendo como ponto de partida “15 Casas” e sob o lema “Zaire não é só Soyo, Zaire também é Tomboko, Kuimba, Zento, Noki e M’banza Kongo”.

Os manifestantes exibiram cartazes com vários dizeres onde apelavam ao presidente da República João Lourenço à exoneração do governador, tais como “Sr. presidente, corrigir o que está mal é exonerar Joanes André”. Também pediram ao governo de Joanes André um tratamento igualitário nos municípios, e exigiram a devolução dos autocarros públicos que, segundo os manifestantes, o governador terá supostamente oferecido aos seus familiares e amigos.

“Queremos água corrente, luz, educação, saúde, emprego, segurança”; “Joanes André, Zaire não é tua herança. É hora de tirares o pé”; “Sr. governador, o povo do Zaire já não te quer mais, podes ‘BAZAR’”; “M’banza Kongo, património mundial, mas não tem água, luz, saúde, educação, emprego, segurança”; lia-se em alguns cartazes que os manifestantes exibiam. Os mesmos entoavam cânticos na língua local, o kikongo, dizendo: “Joanes André muivi a nkangu, ketuzolele dia kako”, que traduzindo em português é “Joanes André gatuno do povo, não te queremos mais”.

A polícia esteve presente desde as primeiras horas e impediu que os manifestantes chegassem à cidade, onde se encontra a sede do governo da província do Zaire.

“Tivemos um encontro de última hora com o comandante municipal de M’banza Kongo que informou-nos que o protesto não podia chegar à cidade porque alegam que aí tem instituições públicas”, esclareceu Nsalambi Waku, um dos promotores da marcha. Nsalambi considera tal atitude um “bloqueio da manifestação”.

A polícia e os organizadores foram consensuais sobre o novo local do término da manifestação. Mas, chegando ao local combinado com as autoridades, os manifestantes saturados com a má governação da província gritavam: “queremos cidade”, “não queremos conselho, nós só queremos chegar à cidade”.

A polícia e os organizadores tentaram acalmar os ânimos dos manifestantes mas sem sucesso, pois os manifestantes romperam a barreira montada pela polícia. Uns desviaram o caminho traçado para a marcha, tendo mesmo atingido a cidade.

“Conseguimos chegar à cidade, mas fomos escorraçados pela PIR [Polícia de Intervenção Rápida]. Disparam várias vezes, vieram contra nós, não fizemos nada a não ser regressar”, contou um dos manifestantes à nossa equipa de reportagem.

Depois do incidente, os organizadores permaneceram no local do término, protestaram ali bem alto contra a má governação de Joanes André, e poucos minutos depois declararam o fim do protesto.

Antes, a polícia quis se retirar do local, deixando ali os organizadores. Tal intenção foi repudiada pelos organizadores, que exigiram a presença da polícia até ao local da concentração para se encerrar a actividade.

No final, os organizadores foram unânimes em considerar que o protesto foi um sucesso, pois conseguiram atingir as expectativas, apesar do bloqueio da polícia.

Nsalambi, em nome dos organizadores, agradeceu ao povo do Zaire pela moldura de cidadãos que esteve presente.

“A população que esteve presente na marcha passou da nossa expectativa, não esperávamos essa gente toda. Obrigado, povo Zaire, o país constrói-se com todos nós”, disse. Nsalambi atribuiu também uma nota positiva à polícia, apesar do bloqueio, e disse esperar uma postura diferente em próximos protestos.

Leave a Reply