MATALA: PACIENTES ACUSAM EXECUTIVO LOCAL DE SER DESUMANO

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Pacientes que estão no hospital municipal da Matala Nazário Vital acusam o Executivo local de lhes tratar de forma desumana por fechar os postos privados de saúde sabendo que no hospital público não tem condições para atender os doentes.

Texto de Jesus Domingos

Segundo João Baptista, a situação no hospital está mal, sendo que numa cama ficam duas pessoas e enquanto outras permanecem no chão. “Nos mandam comprar medicamentos e até mesmo vendem-nos sangue para a transfusão”, disse.

Paula da Costa disse que estava no hospital “Família Jamba” mas “fecharam o posto e nos meteram aqui, onde você sente o cheiro do chão onde dormes e o outro que tem outra doença está mal porque você vem com paludismo e volta com febre tifóide”. Lamenta que o administrador não tenha pensado melhor antes de fechar os postos.

Segundo um funcionário da repartição municipal da saúde que preferiu o anonimato, em 2002 os proprietários dos postos pagavam à administração para legalizar os seus estabelecimentos mas estes nunca viram os seus documentos e não sabem o paradeiro dos valores. Apenas lhes diziam para trabalharem com as declarações emitidas pela administração.

A mesma fonte disse que a falta de ar condicionado nos postos médicos e de alguns documentos não devia condicionar o funcionamento ao ponto de fechar os postos, ainda mais tendo em conta que o hospital público não oferece condições.

O munícipe João Ndala, utente do hospital público, disse: “Aqui compramos até luvas para as nossas mulheres nascerem, estamos sem remédios e nos postos davam kilapes e nos curavam, agora aqui estamos a morrer e somos obrigados a pagar dois mil e 500 Kzs ou mais quando vai para a casa mortuária”.

“A vida está difícil. Os centros dos bairros Muvale, Kandjanguite e Micosse não trabalham 24/24. Eles não deviam fechar os postos e ainda lhes meter presos. Deviam ver outras formas porque a Matala não tem hospitais para atender toda a demanda populacional. Hoje vemos óbitos daqui e dali mas ninguém se preocupa porque o administrador se trata em Portugal e a família dele não sente o que sentimos”, disse o jovem Emílio Joaquim, estudante de sociologia.

Maria Mbaca pede ao administrador para apoiar e vir abrir os postos particulares porque “aqui estamos mal, chegamos ao hospital normal e saímos mortos, assim não dá”.

A equipa da Rádio Angola tentou contactar a direcção do hospital mas esta negou-se a prestar entrevista alegando ordem superior.

O mesmo hospital municipal da Matala necessita de 11 médicos e 106 técnicos de varias especialidades para fazer face a demanda de pacientes que chegam dos municípios de Chicomba, Quipungo, Cuvango e Jamba, a procura dos serviços de saúde àquela unidade sanitária.

A preocupação foi manifestada pelo director clinico do hospital, José Candeeiro, tendo afirmado que a unidade hospitalar neste momento só funciona com 49 técnicos de saúde, dentre os quais quatro médicos expatriados e seis angolanos, o que corresponde a 30 porcento da necessidade.

O responsável disse que o hospital municipal da Matala é o maior do leste da Huíla e possui um banco de urgência, prestando serviços nas especialidades de pediatria, obstetrícia, estomatologia, nutrição, hemoterapia, ginecologia, cirurgia, oftalmologia, ortopedia, cirurgia e raio-x.

O hospital tem capacidade para 72 camas, 16 das quais na sala de partos, igual número na pediatria e as restantes 40 no internamento de homens e mulheres, respectivamente.

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