Mãos ao ar para o voto livre: A genialidade do Director Geral do SME – Vasco da Gama

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Ponto prévio.

Muitos dir-me-ão que este é o meu trabalho. Que esta é a minha atribuição e, por isto, não há nada de novo no texto. Pois é, na verdade, é, mesmo, uma das minhas atribuições e, dentremente, aqui estou para o fazer, sem receios.

O SME, um dos órgãos que compõem o MININT, está a realizar, na cidade de Benguela, uma reunião de migração que reúne a “elite” do órgão nas regiões Centro e Sul de Angola.

No primeiro dia dos trabalhos foi apresentado e aprovado o Ante-Projecto do Regulamento dos Conselhos Regionais do SME, cuja finalidade e outros meandros deixo para o carnaval de fora de época.

No processo de apreciação e aprovação do referido documento aconteceram coisas que, verdadeiramente, qualquer pessoa de bem, que acompanha e conhece o funcionamento, rigor e a disciplina dos órgãos castrenses, como é o caso do SME, ficaria estupefacto e com os cabelos aos arrepios de alegria, em função da atitude do Director Jó.

Apresentado, pelo Director do GEIA, comissário de migração, Somavie, que é uma maravilha em pessoa, o Ante-Projecto do Regulamento previa que os Conselhos Regionais fossem coordenados pelo Director Geral do SME, o que encontrou “barreiras” iniciais e assumidas pelo Director de Benguela, que achei ser um “kota” intransigente, no seu sentido positivista.

Para ele, os Conselhos Regionais deveriam ser coordenados por oficiais que labutam nestas regiões, e estes  por sua vez, levassem os resultados ao titular do SME, no caso, o Director, retirando assim carga de trabalho ao Director, inspirados na defesa da política da simplificação dos actos, como novo apanágio do governo de Angola.

Rebatido, por um, dois, três e mais outros comissários, o “kota” de Benguela não baixou à guarda e, afinal, o melhor da fita estava por vir.

Instalado o “irritante”, assinado por muitos, embora remetidos ao silêncio – que cairia a seguir – o remate final ficou nas mãos e palavras do Director “Jó”. O número um do SME.

Expectantes, todos calados à espera da posição final – que era previsível, em função da tradição castrense (ordem e determinação), eis que o comissário de migração principal surpreendeu a todos.

Deixou-os sem fôlego e sem palavras. E foi assim porque mostrou ser um líder. Longe das doutrinas da “chefopatite”, determinando o inesperado.

– Meus camaradas – disse, iniciando a “saga” – já vi que aqui temos uma ala que quer enfraquecer o poder do Director Geral.

– Todos aos sorrisos, incluindo às “morenas e negras violinas” do protocolo.

No segmento, o Director Jó faz uma pausa e com ela um silêncio na sala. Uma técnica de quem entende de retórica e motivação das massa.

Na sequência, perguntou, com sorrisos nos lábios: – Quem vota contra os poderes do Director Geral nos Conselhos Regionais levanta a mão.

Eu fui o primeiro a fazê-lo, mesmo sendo seu convidado e quando assustei  tinha no ar mais de trinta braços a votar contra o poder que se pretendia atribuir ao “boss”.

– podem baixar, camaradas, disse.

– Quem vota a favor levante a mão. Uns poucos e já derrotados levantaram…enfim.

– Meus camaradas, o Ante-Projecto do Regulamento dos Conselhos Regionais está aprovado pela maioria, sem a coordenação do Director, como veio proposto pelo grupo técnico. Obrigado a todos que votaram contra e a favor. Somos uma família e dialogando nos entendemos!

Moral da história:  O Director Jó não é um chefe. Não é daqueles que o poder transforma. Não é autoritário. Não é intriguista. Não é rancoroso.

É, sim, um verdadeiro líder. Aquele que lidera com base a valores cuja defesa transcende grupos e interesses destes ou de uns.

É um líder cujas decisões contam com a participação de todos, porque administra, gere e lidera pessoas humanas, com características próprias, valores intrínsecos ao ser e que devem ter o seu lugar.

Um líder, que mesmo estando numa organização onde o “punho de ferro” ainda vale, noutras galáxias, ele entendeu submeter uma decisão a votação e, para mais, sem voto secreto.

Para cimentar esta genialidade do Director há que olhar os “votos contra o seu poder”, manifestados longe das urnas e de forma presencial e assumida.

Isto simbolizam o facto de os seus “pupilos” conhecerem a simplicidade, genialidade, cordialidade, disciplina, honestidade e franqueza do seu chefe…

Enfim, parabéns, Director Jó.

Este é o meu reconhecimento, enquanto  seguidor, admirador e fiel servidor.

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