Manifestações contra desemprego e burla de investidores “assinalam” terceiro ano de Lourenço
Por VOA
No dia em que o Presidente angolano, João Lourenço, completa três anos de mandato, duas manifestações tomaram algumas artérias de Luanda em protesto contra a alta taxa de desemprego no país e a burla de que cerca de que mais de mil pessoas dizem ter sido alvo em projetos habitacionais.
Com a taxa de desemprego oficial em 32,7 por cento em agosto, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), depois de um aumento 4 por cento face ao mesmo período do ano passado, centenas de manifestantes, na sua maioria jovens, pediram por emprego.
O protesto pacífico começou no Cemitério de Santana e terminou no Largo das Heroínas.
“Emprego é um direito, desemprego marginaliza”, foi a palavra de ordem manifestação em que os os participantes fizeram questão de lembrar ao Presidente “a sua promessa de 500 mil empregos” em cinco anos, como disse à VOA Leonardo Kenenyata, porta-voz da organização.
Refira-se que, apesar da colaboração da Polícia Nacional em manter a ordem e de não evitar o protesto, alguns participantes usaram alguma violência verbal contra os agentes.
Desemprego em alta
A manifestação acontece um dia depois de ter sido publicado um estudo da Afrobarometer, realizado no final de 2019, que revelou que, na altura, cerca de oito em cada 10 angolanos consideram que o Governo do país tinha um desempenho “mau” ou “muito mau” na condução da economia.
“Cerca de oito em cada 10 angolanos avaliam como sendo “mau” ou “muito mau” o desempenho do Governo na manutenção da estabilidade dos preços (78%), criação de emprego (75%), melhoria da condição de vida dos pobres (75%) e a gestão geral da economia (71%)”, concluiu o Afrobarometer, uma rede de pesquisa pan-africana e não partidária.
Os residentes das províncias de Luanda e de Cabinda eram os mais descontentes com o desempenho do Governo de João Lourenço.
No caso de Luanda, 88% dos entrevistados estavam descontentes com o desempenho do Executivo na criação de emprego, enquanto 90% em relação à na manutenção da estabilidade dos preços.
Já em Cabinda, o estudo refere que 90% dos entrevistados manifestaram descontentameno em relação ao emprego e 89% não estavam satisfeitos com a estabilidade dos preços.
No meio urbano, a reprovação do desempenho do Governo na criação de empregos situa-se nos 80%, enquanto no meio rural esta alcança os 65%.
Marcha contra “burla” da Build Angola
Também em Luanda neste sábado, duas centenas de cidadãos que se consideram lesados pela empresa Build Angola marcharam para pedir justiça no que dizem ser uma burla que ascende a 200 milhões de dólares.
O caso arrasta-se desde a 2018, quando eles moveram um processo cível no tribunal contra os promotores angolanos e brasileiros da Build Angola, que prometeram um conjunto de empreendimentos, mas nunca chegaram a ser concretizados.
Trajados com ‘t-shirts’ brancas com a palavra ‘Basta!’, os manifestantes pediram justiça no caso que, segundo eles, afeta mais de mil pessoas, muitas delas já falecidas.