MÃES DE PRESOS EM MALANGE EXIGEM LIBERDADE EM LUANDA
Os familiares dos três jovens presos no «Caso 4 de Abril» em Malange encontram-se em Luanda desde segunda-feira para realizarem encontros e audiências com várias instituições com o propósito de liberta-los.
Texto de Simão Hossi
Trata-se de quatro mulheres, Isabel Manuel Bumba, tia de Justino Horário António Valente, Santa Joaquim, mãe de António José Fernando, Filomena Gloria Simão, mãe de Afonso Simão Muatchipuculo e uma criança de seis anos de idade, irmã de um dos jovens presos. Chegaram à capital a convite da ONG de Benguela Omunga, com objectivo de ter encontros com a Provedoria de Justiça, Secretária de Estado e dos Direitos Humanos, incluindo com a Vice-Presidência da República de Angola, com a intenção de ver resolvido o caso que envolve a condenação dos três jovens por desacato às autoridades e obstrução à caravana do vice-presidente Bornito de Sousa aquando das comemorações do acto central do dia da Paz, 4 de Abril, em Malange.
Isabel Bumba espera que os encontros e audiências solicitadas sejam realizados e que as autoridades possam ouvir o seu clamor e sofrimento pelo que as famílias passam devido a prisão dos jovens estudantes. Isabel é funcionária pública e vive com o sobrinho Justino Valente, que até a data da detenção frequentava o curso de ciências económicas e jurídicas. Afirma que seu sobrinho nunca fez serviços de “moto táxi”, vulgo Kupapata, e que esteve no acto da Paz pela convocatória feita pela escola onde estuda.
Agastada, diz que os jovens já perderam as provas parcelares, e apela que sejam libertados pois seu sobrinho é inocente, pois acredita que a policia prendeu pessoas erradas.
“Valente é quem cuidava da casa quando ela tivesse que trabalhar a 270 quilómetros fora da cidade de Malange por não ter quem cuidar da casa e de suas duas filhas”, lembra.
Isabel Bumba diz ainda que seu sobrinho fez uma curta greve de fome na prisão e que só foi demovido dela com a sua intervenção. Na qualidade de porta-voz do grupo das mães, diz que são muitas dificuldades que passam para visitar os seus familiares, desde as questões financeira das famílias à algumas regras e restrições da cadeia da Damba.
Filomena Gloria Simão, a mãe de Afonso Simão Muatchipuculo, diz que o seu filho saiu de uma das Luanda para Malange especificamente para estudar e que não tem mais ninguém que possa apoia-lo para visitar e levar alimentação ao seu filho com regularidade. Por isso, apela à soltura de seu filho pois não consegue dormir de tanto pensar nele. Muatchipuculo está a terminar o primeiro ciclo, isto é, a 9.ª classe.
José Patrocinio, coordenador-geral da Omunga, diz que já contratou um advogado que está a ajudar a seguir as questões jurídicas sobre o caso enquanto se usa outras formas de chamar atenção e pressionar as instituições para a sua resolução imediata com o propósito de ver os jovens voltarem a estudar e não terem o ano lectivo comprometido com a perca das primeiras provas parcelares.