LUNDA-NORTE: CONCURSO PÚBLICO DA EDUCAÇÃO TERMINA COM LUTA ENTRE CONCORRENTES E POLÍCIA

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No dia 11 de corrente mês, aproximadamente 200 cidadãos que pretendiam concorrer a uma das 25 vagas para o sector da educação no município de Caungula, na Lunda-Norte, desencadearam um protesto que culminou em pancadaria entre candidatos a professores e agentes da Polícia Nacional.

Texto de Jordan Muacabinza

A administração municipal do Lubalo transferiu o concurso público de acesso ao ministério da Educação para o município de Caungula, comuna de Camaxilo, sem quaisquer explicação sobre as razões para tal procedimento, forçando os interessados do município a se deslocarem mais de 200 quilómetros para concorrer a uma vaga.

A revolta popular instalou-se na comuna de Camaxilo quando perceberam que afinal eram 70 vagas disponíveis para o município inicialmente e não as 25 anunciadas, sendo que as 45 foram distribuídas entre os membros da administração municipal, alegadamente cada cinco vagas, e as restantes seriam para os “candidatos sem padrinhos na cozinha digladiarem no concurso”.

Para além dos candidatos locais, acorreram ao local jovens vindos de províncias vizinhas, o que limitou ainda mais o acesso. Os gritos começaram a se ouvir enquanto circulava a informação de que as vagas estavam maioritariamente preenchidas “entre familiares e amantes dos funcionários da administração”.

O protesto, consubstanciado em gritos de repúdio ao esquema da administração, fez com que os agentes da Polícia Nacional interviessem com brutalidade contra os candidatos. Em resposta, os jovens atiraram objectos, como pedras, aos agentes. A polícia endureceu os seus golpes contra os candidatos, e estes, por sua vez, defenderam-se da mesma forma, ou seja, desferindo golpes físicos. Tony, cidadão que esteve presente, conta que quatro agentes ficaram gravemente feridos.

Ferreira Saivulo, secretário municipal do Partido de Renovação Social (PRS) esteve no local e presenciou a “luta entre os concorrentes e a polícia”, briga que, contou, “surgiu numa altura em que os concorrentes reclamavam sobre as vagas que tinha sido desviadas pelos dirigentes locais, também por terem trazido concorrentes de outras províncias”.

Entre as pessoas que beneficiaram das vagas está o filho do antigo delegado municipal do SINSE, Benvindo Walifa, identificado no local e sobre quem a fúria dos concorrentes recaiu, tendo ficado ferido também.

Os “professores a custo zero”, como são chamados aqueles que já leccionam há anos mas não recebem salários, estão entre os mais saturados com a situação de desemprego na província. A violência fez com que o concurso fosse encerrado.

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