Levados, deixando-se levar e ou levando-se – vão na onda que não é a sua- Luiz Araújo
Muita gente, a maioria, é levada por não ter capacidade para ler e entender completamente as agendas políticas que a usa. Essa é a gente inocente que sempre constituiu as massas arrastadas pela demagogia dos que há décadas disputam a posse do Estado de Angola.
Outra gente, com capacidade para ler e entender as agendas e que está a perceber tudo, deixa-se levar ou mesmo associa-se voluntária e conscientemente a agendas a que por princípio é contrária, movida por propósitos que espero que honestamente exponha publicamente.
É que essa gente lúcida é capaz, juntando todas as pontas, de perceber bem os verdadeiros objectivos das agendas todas.
A essa gente – consciente e, portanto responsável – só resta lembrar que a verdade detalhada sobre as novas operações das velhas agendas políticas da disputa da posse do Estado, que sistemática e constantemente trataram o povo angolano como utilitário descartável, por mais que se apure a razão das respectivas narrativas e em função delas amanhã se distorça a história, é uma verdade que acabará vindo inteira à superfície. Essa é a certeza.
Tenhamos sempre presente na consciência que a luta entre a UNITA e o MPLA pela posse do Estado é só deles, não é a luta do povo. Não nos imponham mais essa velha disputa, com a raíz carunchosa mergulhada no ódio e na matança, fantasiando-a novamente de luta popular pela liberdade.
O desmantelamento da autocracia do MPLA é um objetivo do povo que só será atingido pela Terceira Via para a acção pela democracia e que jamais deixaremos que seja confundido com a apropriação do Estado por qualquer partido político.
A luta do povo – entenda-se definitivamente e de forma determinante, é: (1) pelo desmantelamento da autocracia do MPLA partido-Estado; (2) sem permitir que nova tirania seja instaurada; (3); para a instauração da democracia, (4) pela plena realização do estado de direito e (5) para o desenvolvimento integrado harmonioso do país e da sociedade angolana.
São só essas cinco as componentes constituintes principais do objectivo da luta de libertação do país pelo povo, que, repito, não pode continuar a deixar-se arrastar para o vendaval da luta pela posse do Estado entre a UNITA e o MPLA, iniciada nos anos 60 do éculo passado e que perdura até este momento.
Que os mais conscientes, mais capazes de discernir e de perceber o logro encapotado pela algazarra demagógica que se serve da nossa necessidade real de libertação, procedam com inteligência e coerência para, em vez de se deixarem levar e ou levarem-se na onda oportunista, fazerem luz que ajude as e os menos lúcidos a perceber as agendas de manipulação que visam mais uma vez utilizar o povo para depois o submeter.