JORNALISTAS EXPULSOS DE EVENTO DE AUSCULTAÇÃO DO MINISTRO ADÃO DE ALMEIDA NO MUNICÍPIO DO BOCOIO
Os repórteres correspondentes da Rádio Ecclésia e da Rádio Angola foram expulsos do acto de recepção ao ministro do Território, Administração e Reforma do Estado Adão de Almeida, no município do Bocoio, província de Benguela, onde se encontra na sequência do que denomina processo de auscultação sobre as autarquias, estabelecendo contactos com o governo local, entidades tradicionais, partidos políticos e igrejas.
Texto de Pinto Muxima e Tomás Dumbo
Os repórteres expulsos são Tomás Dumbo, da Ecclésia, e Pinto Muxima, RA, aos quais não foi permitido fazer a cobertura da chegada do ministro Adão de Almeida à administração municipal do Bocoio. Foram interpelados por um agentes da Polícia Nacional quando tentavam entrar na sede da administração.
Segundo os repórteres, o agente simplesmente cumpriu uma ordem emitida pelo director local dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SINSE) Raimundo Virgílio Surra. Outro agente ainda insistiu que os jornalistas tinham todo o direito e dever de reportar a visita do ministro dizendo “façam o vosso trabalho”, mas o director do SINSE impôs-se e prevaleceu a sua vontade.
“No momento em que começamos a trabalhar o senhor Raimundo Virgílio mandou outros agentes para nos expulsar daquele local”, contaram.
Em seguida aproximou-se o agente do afecto ao departamento de comunicação e marketing da PN que ofensivamente disse aos repórteres: “Vocês fumaram e agora vêm cá fazer cobertura jornalística”. Não ficando pela ofensa verbal, ameaçou os escorraçar pela força com argumentos de que não conhece nem convidou a Rádio Ecclésia e Rádio Angola. E assim, pela integridade física, os repórteres retiraram-se do local quando viram outros agentes se aproximarem prontos para forçadamente os expulsar.
É mais um caso de violação ao exercício da liberdade de imprensa e expressão, em claro flagrante ao disposto na Constituição da República de Angola.
Apenas os órgãos alinhados com o governo fizeram-se presentes, nomeadamente a Angop, rádios Benguela, Morena, Mais e RNA, e o jornal O País.
No dia 4 de Abril deste ano, a equipa da RA também foi reprimida pela PN e funcionários da administração municipal do Bocoio quando tentava fazer cobertura da cerimónia do dia da Paz. Um representante da administração local disse que para o repórter da RA ser reconhecido como jornalista neste município tem que tratar uma declaração na administração local e a mesma é que daria o ângulo de trabalho que poderia reportar.
O repórter da Angop que presenciou aquela repreensão confirmou que é verdade porque ele também foi obrigado a tratar esta declaração, acrescentado que se a Rádio Angola e outras rádios quiserem trabalhar no município devem tratar também.
Com a Entidade Reguladora da Comunicação Social em Angola (ERCA) em funcionamento, espera-se um pronunciamento deste órgão quanto à violação ao exercício da liberdade de imprensa no Bocoio.