João Muamofia que morreu na cadeia de Cacanda dois anos depois da detenção sem julgamento

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A história de João Muamofia, 55 anos, activista do auto-denominado “Movimento do Protectorado da Lunda-Tchokwé”, que morreu na Cacanda, província da Lunda-Norte, começa com a sua detenção em 2020, pela Polícia Nacional, na aldeia de Muxinda, município de Capenda Camulemba.

*Jordan Muacabinza | Cafunfo

Segundo apurou a Rádio Angola, João Muamofia foi detido “injustamente”, após ter visitado o Regedor Muana Capenda, cujas causas até ao momento são desconhecidas, lamentam fontes próximas ao processo.

A detenção do activista aconteceu numa altura em que os agentes da polícia Nacional procuravam deter o soba Mwana Capenda, supostamente afecto ao movimento do Protectorado da Lunda-Tchokwe e, por não terem encontrado a autoridade tradicional na altura, os efectivos detiveram o cidadão João Muamufia, membro do mesmo movimento.

“As detenções sem culpas formadas, continuam a ser o modelo da governação do regime e na actual Presidente João Lourenço, o que para muitos entendem que só o governo ou os serviços de segurança, que prenderam é que sabem qual é a razão porque até ao momento não há culpa formada em relação à detenção do cidadão e membro do Protectorado que hoje deixa o mundo dos vivos nas celas”, lamentou uma fonte.

De acordo um dos activistas dos direitos humanos, “ninguém pode ser detido sem que antes seja informada a causa da sua detenção, mas o que se nota ao  nível do país, prendem para depois informam ao detido a causa da sua detenção, isto indica que estamos perante uma justiça de arrogantes, uma justiça deficiente, e os tais órgãos é transformados como calvário para crucificar aqueles que andam contra o regime ditatorial”.

Os membros do Movimento do Protectorado da Lunda-Tchokwé (MPLT) ouvidos pela Rádio Angola (RA) afirmaram que, “até hoje, ninguém sabe a causa da detenção do nosso membro, e a sua prisão ocorreu muito antes dos acontecimentos do dia 30 de Janeiro de 2021”, explicou um dos activistas.

“Andamos indignados com a situação do companheiro que teria ido à residência do Regedor Mwana Capenda, para uma visita, este foi beliscado pela polícia e detido na hora, sendo que dias depois, o homem foi transferido para Cacanda, cadeia da morte e por onde acabou por morrer sem ser julgado nem saber dos motivos da sua prisão”, disse.

O porta-voz da Polícia Nacional da Província da Lunda-Norte, superintendente Rodrigues Zeca, conformou à Rádio Despertar a morte do activista Muamofia, mas negou o registo de cinco mortes de membros do Movimento do Protectoracto.

Segundo o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação do Ministério do Interior na Lunda-Norte, o activista João Muamofia faleceu no Hospital Sanatório no Dundo, vítima de tuberculose.

O cidadão Xavier Mununga, disse que “a morte dos activistas nas cadeias do Dundo, indica que estamos perante um regime sanguinário, um regime de antissemitismo, de holocausto, bandidos e vampiros”.

Radio Angola

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