João Lourenço nomeia Adão de Almeida com olhos nas Eleições Gerais de 2022
A nomeação esta semana de Adão Francisco Correia de Almeida para o cargo de Ministro de Estado e o Chefe da Casa Civil, é no entender de analistas que acompanham a dinâmica da política angolana regime, como estando a obedecer cálculos destinados a organização das eleições generais de 2022.
De entre os quadros do consulado de José Eduardo dos Santos, recuperados por João Lourenço, o ministro Adão de Almeida perfila entre os mais categorizados em questões de realização de eleições.
Segundo o Club-K, em finais de 2011, o então Presidente da República, Eduardo dos Santos confiou-lhe a missão de acompanhar um grupo de especialistas dos serviços de segurança da China que ajudaram o regime na alteração dos resultados das eleições gerais de 31 de Agosto de 2012. O grupo era constituído por Jinming Zhang, Jun Li, Liansehng Li e Yiding Liu e juntos com Adão de Almeida, a vice-ministro da Administração do Território para os Assuntos Eleitorais faziam parte de uma estrutura paralela a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) que trabalharam na chamada “operação de estratificação do eleitorado” resultando na manipulação dos cadernos eleitorais.
Desde então Adão de Almeida tornou-se num estratego em vencer eleições. JES, por sua vez queria recompensa-lo com o cargo de Chefe da Casa Civil, mas teve de recuar nomeando um então comissário da CNE, Edeltrudes Maurício Fernandes Gaspar da Costa que também jogou papel importante naquelas eleições. Edeltrudes Costa era naquele ano o Presidente de uma chamada “Comissão de Avaliação” da CNE, que escolheu a empresa INDRA como “qualificada”, para a gestão da logística eleitoral.
A INDRA é a empresa Espanha que tem enfrentando casos de tribunais por ajudar regimes ditatoriais na América latina a se fazerem eleger através da fraude eleitoral.
Nas recentes nomeações de João Lourenço foi também nomeado Marcy Cláudio Lopes, para o cargo de Ministro da Administração do Território (MAT). Marcy Lopes foi até 2017, o director do Gabinete dos Partidos Políticos junto ao Tribunal Constitucional.
Era por seu intermédio institucional que validava as inscrições dos partidos políticos concorrentes as eleições. A sua transferência para o MAT, é segundo analistas, na mesma perspectiva com que Adão Almeida foi colocado na Casa Civil.
Em período eleitoral, o MAT, é a instituição responsável pelo registro eleitoral dos cidadãos pelos municípios das 18 províncias em Angola. Depois de feito o registo armazena os dados dos dos 9.757.671 numa base de dados chamada Ficheiro Informático Central do Registo Eleitoral (FICRE).
Em, obediência a Lei do Registo Eleitoral Oficioso (Lei n.º 8/15, de 15 de Junho), no seu artigo 71.º , o MAT tem a missão de incorporar os dados dos eleitores constantes do FICRE na Base de Dados dos Cidadãos Maiores (BDCM) e no Ficheiro Informático dos Cidadãos Maiores (FICM), que depois são transmitidos à CNE após a convocação das eleições.
Partidos como a UNITA tem denunciado que é por via do FICRE que o MPLA consegue ter os resultados que quiser nas eleições em Angola. Desde as eleições de 2008 que o MAT contrata uma empresa de informática SINFIC para a gestão do FICRE.
A SINFIC é uma empresa de direito angolano ligada a um empresário do MPLA, António Carvalho “Tozé”, e Paulo Amaral. Fazia parte dela um assessor angolano, Alfredo Salvador Carima, cunhado de Carlos Maria da Silva Feijó, do BP do MPLA.
Com a nomeação de Adão de Almeida na Casa Civil e com Marcy Cláudio Lopes no MAT, junto com Edeltrures Costa no gabinete presidencial, o Presidente João Lourenço acaba de constituir a equipa que irá ajudar o MPLA, a organizar as eleições de 2022, a partir do palácio presidencial. A equipa conta ainda com Manuel Pereira da Silva “Manico”, no comando da Comissão Nacional Eleitoral.
Com o provável anulamento das eleições autárquicas de 2020, por culpa do covid-19 e a crise eleitoral, o Presidente terá o ano de 2021/22 para preparar as eleições gerais e, e apresentar-se como o cabeça de lista pelo MPLA, pondo de lado as pressões da UNITA que o tem forçado a alterar a constituição.