Hospital Regional de Cafunfo sem material de biossegurança contra novo coronavírus

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O “Estado de Emergência” decretado a 27 de Março último foi prorrogado e neste domingo, 26 de Abril, entra na terceira fase do isolamento social, no quadro do combate à COVID-19, que já provou duas mortes num total de mais de 20 casos positivos confirmados pelas autoridades sanitárias.

Jordan Muacabinza | Cafunfo

Para manter as medidas de prevenção, as populações são aconselhadas a lavar as mãos constantemente com água e sabão, ou ainda desinfectá-las com o álcool em gel, bem como o uso de luvas e máscaras em ocasiões especificas, para que se evite a propagação da doença.

Enquanto as capitais provinciais redobram com as medidas de biossegurança com a distribuição de meios de prevenção contra a pandemia, muitas populações do interior dizem não receber qualquer meio de protecção contra o novo coronavírus.

É caso dos habitantes dos municípios do Cuango, Capenda Camulemba e Xá-Mutemba, na província da Lunda-Norte, que se manifestam preocupados pelo facto de o governo local não estar a promover campanhas de sensibilização e distribuição de materiais de biossegurança às comunidades.

A Rádio Angola apurou igualmente que, o Hospital Regional de Cafunfo, o único de referência na região do Cuango, não recebeu ainda nenhum material de biossegurança, uma situação que tem preocupado os médicos e enfermeiros em serviço.

“Até ao momento não temos equipamentos, aliás, o director municipal da saúde do Cuango, Katumba Kalombo havia nos garantido, a quando da sua deslocação à cidade do Dundo, de que viria com os meios de biossegurança, mas nada vemos”, disse um dos enfermeiros que em anonimato.

A fonte sustentou ser necessário que o governo tome todas as medidas de segurança e prevenção, apesar de que a província da Lunda-Norte ainda não apresenta nenhum caso positivo da COVID-19.

“Está é uma zona de muito risco, pois entram vários cidadãos de diversas nacionalidades sem o devido controlo das autoridades”, referiu.

No Hospital Regional de Cafunfo maior parte dos enfermeiros trabalha em regime de contrato e uma das destas profissionais de saúde lamentou que o “grupo já está há mais de 40 meses sem receber os seus ordenados”, uma situação que segundo a enfermeira que não quis ser identificada pode “dificultar o trabalho caso sejam registados casos suspeitos ou mesmo positivos do novo coronavírus”.

Entretanto, as crianças conhecendo ou não do perigo a que representa a COVID-19, que em Angola já fez duas vítimas mortais, em 19 casos positivos, as crianças no Cuango e Cafunfo, possivelmente por instrução dos adultos, adoptaram as suas medidas de prevenção, que na ausência de mascaras recomendadas pelas autoridades sanitárias, socorrem-se de outros meios de prevenção.

A alternativa encontrada pelas crianças é o uso das embalagens já consumidas de “pacotinhos” de whisky “The Best”. “É para nos protegermos do coronavírus”, disse um dos meninos de 12 anos.

Questionadas as razões do uso de embalagens de “The Best”, a generalidade das crianças afirma que os pais e encarregados não têm recursos financeiros para a compra de máscaras nas farmácias, cujo valor varia entre 300 a 500 kwanzas a cada máscara.

A população local espera que haja transparência na distribuição pelos municípios dos meios para segurança dos técnicos que eventualmente poderão lidar com casos positivos na região.

Para os populares, todas as províncias devem merecer o mesmo tratamento por parte do Governo Central e do Ministério da Saúde, “porque todo o povo está num clima de preocupação com esta pandemia”, disse um dos activistas dos direitos humanos.

Os agentes da Polícia Nacional (PN), Militares das Forças Armadas Angolanas (FAA), Polícia de Guarda Fronteiras (PGF) e efectivos de Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPSB) reclamam da falta de meios de biosseguranção contra o novo coronavírus.

Segundo apurou este portal, os agentes envolvidos em “impor” o cumprimento do “Estado de Emergência” saem às ruas do Cuango, Cafunfo, Luremo, Capenda Camulemba e Xá-Muteba sem máscaras nem luvas, expostos assim a qualquer perigo de contaminação.

“Será que quando a doença alastrar-se só vai atingir os civis e os polícias e militares não? “, questionou um dos agentes da corporação.

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