FUNCIONÁRIA QUEIXA-SE DE INJUSTIÇAS NO BPC

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Arlete Ganga acusa Hendrika Monteiro, directora dos Recursos Humanos, e Maria Manuela, subdirectora, de serem as mentoras desta «perseguição». A funcionária conta que tudo começou em 2014, altura em que se descolou a Portugal.

Há cerca de quatro anos que Arlete Ganga se queixa de injustiças no Banco de Poupança e Crédito (BPC), instituição onde trabalha há 12 anos como técnica de operações bancárias. Sem promoção e há um ano em casa por falta de colocação, a jovem funcionária de 34 anos de idade diz estar a sofrer “perseguições políticas” desde 2014, altura em que se alinhou ao activismo por causa do assassinato do seu irmão Hilbert Ganga, militante da CASA-CE, morto a tiro há cinco anos, em Luanda, por um militar da Unidade da Guarda Presidencial.

A cidadã acusa Hendrika Kiala Monteiro, directora dos Recursos Humanos, e Maria Manuela, subdirectora, de serem as mentoras da “perseguição”. Conta que tudo começou em 2014, altura em que se descolou a Portugal, com a anuência do BPC, para tratamentos médicos para si e para a mãe, que, na ocasião, necessitava de uma operação cirúrgica, além de um acompanhamento psiquiátrico devido ao seu estado emocional, em consequência do assassinato do filho, em Novembro de 2013.

Enquanto esteve em Portugal, Arlete conta que ela e sua mãe realizaram uma campanha de protesto, exigindo justiça ao Estado angolano pelo assassinato do seu irmão. A campanha, segundo a interlocutora, em conversa com o Novo Jornal, foi publicada no portal Maka Angola. Desde então, acentuou a fonte, “as intromissões à sua vida privada por parte da instituição bancária (BPC) começaram”.

“Tão logo a campanha começou a ser divulgada, a Direcção dos Recursos Humanos (DRH) colocou um anúncio no Jornal de Angola, exigindo o meu regresso imediato ao país, sob a condição de ser dado um auto de abandono, alegadamente por desconhecimento do meu paradeiro, o que não é real, uma vez que me ausentei legalmente da empresa, com o parecer da DRH e do meu ex-director da Direcção de Operações Gerais (DOP), onde estava colocada”, pormenorizou. Arlete cumpriu a orientação do RH dois dias depois, interrompeu o seu tratamento médico e o da sua mãe, que ainda se encontrava com a ferida de uma semana da cirurgia.

“De regresso a Angola, entreguei os relatórios médicos, as cópias das receitas e comecei a trabalhar. Na semana seguinte, a chefe de departamento da área administrativa da DRH fez-me ameaças e torturas psicológicas, alegando que ninguém sabia nada sobre mim”, frisou.

Diante do mau estado de saúde da família (pai, mãe e irmão doentes), Arlete Ganga solicitou também licenças, com cortes de salários, para se deslocar a Portugal, a fim de procurar tratamentos médicos para os seus entes queridos; porém, a única resposta que recebeu da direcção do RH do BPC, afirmou, era que solicitasse a demissão.

Assistindo às várias transformações da empresa, desde mudanças de lideranças, encerramento de áreas e promoções, Arlete vê a sua condição reduzida “a zero”. “A área em que trabalhava foi encerrada. Fui colocada numa sala onde não fazia nada, senão ver televisão. Reclamei e propuseram-me uma outra como secretária — achei aquilo absurdo, dadas as minhas qualidades profissionais, técnica de operações bancárias com 12 anos de casa —, não aceitei. Arranjaram-me um outro posto de trabalho, que era tomar conta dos carros, o que achei um insulto. Houve promoção na empresa e o meu nome não foi tido nem achado”, detalhou.

A jovem diz que já expôs a situação ao actual PCA do BPC e ao sindicato dos bancários (SNEBA), mas até hoje “ninguém resolve o problema”. “Estou em casa sem fazer nada e a ganhar dinheiro do Estado. Sou jovem e tenho muito potencial. Tenho 34 anos de idade e 12 na instituição, não é justo ficar em casa há um ano sem nada a fazer. O BPC diz que não há lugar para colocar os funcionários, mas nós vemos gente nova entrar. Então, não é possível não ter lugar para pessoas antigas e ter para novos funcionários, muitos deles de sua conveniência”, desabafou.

DIRECTORA DOS RH: DIZ NÃO ESTAR AUTORIZADA A FALAR SOBRE O ASSUNTO

Em face das denúncias de Arlete Ganga, este semanário contactou, nesta terça-feira, 20, a directora dos Recursos Humanos do Banco de Poupança e Crédito (BPC), Hendrika Kiala Monteiro, mas esta disse não estar autorizada a falar sobre o assunto.

O NJ ainda tentou insistir, esclarecendo à responsável o assunto de sua área de jurisdição, mas esta reiterou estar a cumprir o regulamento da instituição. “Olha, eu falei com a minha área jurídica e disse-me que nós não podemos fazer nenhum pronunciamento acerca deste assunto. O jornal tem que endereçar uma carta ao Conselho de Administração ou à nossa direcção de Marketing e Imagem, que é a responsável pela comunicação interna da empresa”, referiu a responsável do RH. E Hendrika Monetiro insistiu: “Eu não posso falar porque não estou autorizada; e mesmo o Marketing, para falar, vai exigir uma carta, que será remetida ao PCA para validar. Somos uma instituição e temos que pautar pelo legal”.

Fonte: Novo Jornal | António Paulo

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