Friends of Angola repudia impedimento arbitrário de jovens activistas no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro
A Friends of Angola vem, com veemência, manifestar o seu repúdio pelo impedimento da viagem de sete jovens angolanos no dia 22 de novembro de 2025, no Aeroporto 4 de Fevereiro (Luanda), com destino à Cidade da Praia, Cabo Verde, através de escala técnica em Lisboa, promovida pela FoA.
1.Contexto
A comitiva, composta por sete jovens activistas angolanos, foi impedida de embarcar no voo da TAP Air Portugal no Aeroporto 4 de Fevereiro, mesmo estando em trânsito para Cabo Verde, via Lisboa.
Não foi apresentada aos jovens nenhuma explicação legal plausível ou fundamentada para o impedimento do embarque.
As exigências que lhes foram comunicadas não parecem ter respaldo formal, o que suscita graves dúvidas acerca do respeito pelos direitos à livre circulação e participação cívica.
2.O motivo e o impacto
A FOA entende que este obstáculo não decorreu de falha logística ou administrativa simples, mas de uma interferência que atinge directamente a liberdade de circulação, o direito à participação e o desenvolvimento de jovens angolanos candidatos a intercâmbios democráticos.
O impedimento causou não apenas prejuízo imediato — a impossibilidade de cumprir o programa de intercâmbio — mas também danos reputacionais, emocionais e institucionais à FOA, aos jovens envolvidos e às famílias que depositaram esperança nesta iniciativa.
Este facto suscita ainda questionamentos mais amplos sobre o ambiente democrático em Angola e o respeito pelos princípios de transparência, igualdade de oportunidade e liberdade de ação.
3.Apelo à responsabilidade
*A FOA exige esclarecimento imediato e público das entidades envolvidas — tanto da TAP como das autoridades angolanas ou de trânsito — sobre as motivações concretas que levaram ao bloqueio do embarque.
*Requer que seja garantido que eventos desta natureza — organizados com o objetivo de fomentar a democracia, a participação juvenil e o intercâmbio entre países lusófonos — possam realizar-se sem impedimentos arbitrários ou discriminação.
*Apela para que os órgãos de cooperação entre Angola e Portugal, bem como as entidades de direitos humanos e imprensa, acompanhem o caso e assegurem que não se repitam condutas que limitem o direito a viajar, a aprender e a participar em processos democráticos.
4.Consequências e medidas futuras
*A FOA anuncia que reservará o direito de seguir todas as vias legais e institucionais para responsabilizar quem de direito pelos danos causados — diretos e indiretos — aos jovens e à organização.
*A organização reafirma o seu compromisso com a juventude angolana, com as mulheres e com o fortalecimento das autarquias, das práticas democráticas e dos valores de cidadania em sociedades lusófonas.
*A FOA reitera que não permitirá que oportunidades de formação, intercâmbio e crescimento sejam bloqueadas por silêncios institucionais ou atitudes que contrariam o espírito de parceria, cooperação e liberdade que deveria unir Angola, Portugal e os países lusófonos.
É fundamental que países democráticos, como Portugal, não se tornem cúmplices de práticas restritivas promovidas por regimes autoritários. A proliferação de regimes autoritários em África e no mundo continua, em parte, a ser alimentada pela tolerância e condescendência de algumas democracias que privilegiam interesses económicos imediatos em detrimento dos valores democráticos que historicamente garantiram paz e prosperidade.
Florindo Chivucute
Director Executivo
Friends of Angola

