Fernando da Piedade “Nandó” dá a conhecer que vai ser candidato no congresso do MPLA de 2026

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Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” informou recentemente ao Presidente da República e líder do MPLA, João Lourenço, que avançará como candidato no próximo congresso ordinário, previsto para 2026.

Após a reunião que Lourenço teve com os Comitês de Acção do partido (CAP), no final de Agosto, onde se tentou marginalizar a imagem do histórico Dino Matross, o antigo presidente da Assembleia Nacional, Dias dos Santos “Nandó”, solicitou por duas vezes consecutivas uma audiência com o Chefe de Estado, mas não foi atendido por motivos de agenda, já que o inquilino do Palácio Presidencial viajou ao exterior em missão de serviço.

Assim que Lourenço retornou ao país, “Nandó” insistiu e, numa certa tarde, João Lourenço orientou ao staff do seu gabinete a marcar uma reunião ao cair da tarde.

Numa conversa frente a frente, “Nandó” transmitiu ao Presidente, em primeira mão, que no momento oportuno comunicaria oficialmente a sua candidatura à presidência do MPLA, para o congresso previsto para 2026. Durante o encontro, o ex-ministro do Interior da década de 90 reclamou sobre o surgimento de panfletos nas redes sociais, aparentemente de milícias digitais, que colocavam uma cruz sobre a sua imagem e a de Dino Matross, como se fossem alvos de linchamento público. Lourenço mostrou desconhecimento sobre essas campanhas.

Na reunião no Palácio Presidencial, João Lourenço não reagiu quanto à intenção de “Nandó” de se candidatar no próximo congresso, subentendendo-se que respeitaria os direitos constitucionais e estatutários de seu antigo superior no Parlamento.

Lourenço não comentou diretamente no encontro, mas esta semana aproveitou a reunião do Comitê Central, do MPLA, convocada para o congresso extraordinário, para responder a possíveis candidatos: “Não se vislumbram eleições gerais no país para breve, por não ser o tempo estabelecido pela Constituição, igualmente não se vislumbram eleições no partido, por não ter chegado o momento estabelecido pelos nossos Estatutos.”

De acordo com João Lourenço, “A política é um jogo, e como em qualquer jogo ou competição, só vencem as equipas cujos jogadores ou atletas se submetem à organização e disciplina do coletivo e respeitam as regras do jogo e a orientação da equipa técnica. Ninguém começa o jogo sem ouvir o apito do árbitro, ninguém inicia a corrida de atletismo sem ouvir o tiro de partida, sob pena de ser desqualificado e prejudicar a equipa”.

Lourenço acrescentou que “estamos em plena competição, não podemos nos distrair com agendas que em nada ajudam a manter o foco na necessidade de cumprirmos com o programa de desenvolvimento nacional, com a necessidade da diversificação da nossa economia, de aumentarmos a produção nacional para garantir maior oferta de bens e serviços, de aumentar as exportações e a oferta de empregos”.

Diversos sinais indicam que João Lourenço pretende desencorajar eventuais candidatos ao congresso de 2026, visando ser ele próprio o candidato. Para isso, o mesmo pretende alterar os estatutos e já garantiu a realização de outra reunião do Comitê Central para aprovar o tema da “apreciação das propostas de ajustamento aos estatutos do MPLA.

Embora pretenda alterar os estatutos para se manter na liderança do MPLA, o Presidente ainda não declarou abertamente essa intenção, embora tenha dado inúmeros sinais, como na reunião desta semana do Comitê Central, onde mencionou o tema, mas adiou a discussão. Segundo apurou o Club-K, após a reunião, um membro do Comitê Central, Valdir Cónego de Malanje, foi convocado pela Comissão de Disciplina e Auditoria, após levantar questões sobre o assunto durante a reunião.

Valdir Cónego teria dito ao Presidente que, dos dois pontos previstos na convocatória, apenas o tema da independência estava presente, e que os membros não tiveram acesso ao segundo ponto para entenderem quais artigos dos estatutos seriam alterados no congresso.

Numa possível recandidatura de João Lourenço, é provável que ele adopte uma estratégia para dificultar o avanço de concorrentes, seja conduzindo uma campanha contra eles ou bloqueando as suas candidaturas. Esse cenário é facilitado pelo facto de que o líder do MPLA controla directamente os órgãos eleitorais internos do partido, que validam as candidaturas. Além disso, há suposições de que Lourenço possa simular uma instabilidade interna, promovendo purgas e, em seguida, invalidando os seus opositores, acusando-os de traição ou de violação das normas partidárias.

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