ESTRANGEIROS CONTROLAM O SECTOR DA PANIFICAÇÃO

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Além da produção, operadores externos detêm também os negócios da importação de matérias-primas

A indústria de Panificação e Pastelaria de Angola é controlada em 80 por cento por operadores estrangeiros, que também têm canais próprios de importação de matéria-prima e aditivos, obtendo vantagens competitivas sobre os seus congéneres nacionais.

A declaração foi proferida pelo presidente da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelaria de Angola (AIPPA), Gilberto Simão, à margem de um encontro de reflexão sobre a Uniformização dos Procedimentos do Licenciamento Comercial e Industrial, na segunda-feira, em Luanda.

Na capital do país, prosseguiu Gilberto Simão, os operadores estrangeiros detêm 60 por cento da indústria de panificação.

Apenas 400 empresas são controladas pela Associação das Indústrias de Panificação e Pastelaria de Angola, quando existem mil licenças de exploração emitidas pelo Governo Provincial de Luanda.

O sector está dividido em duas classes, sendo uma de angolanos “arruinados e descapitalizados” e outra de estrangeiros prósperos, declarou o presidente da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelaria de Angola para caracterizar a situação do sector.

Os estrangeiros, apontou, criam a sua própria cadeia produtiva e são também os importadores, gerando um ciclo de concorrência desleal, contando-se entre as aquisições que fazem no exterior os equipamentos e matérias-primas como fermento, melhorantes e sal, comercializados a preços excessivos para os seus congéneres angolanos, o que considerou conformar um quadro de concorrência desleal.

Gilberto Simão afirmou que, diante da prosperidade dos operadores estrangeiros, os angolanos debatem-se com problemas básicos originados pela falta de formação. A resposta da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelaria de Angola a esta situação reside numa proposta de criação de cooperativas polivalentes, para que, em conjunto com o Governo provincial, se encontrem soluções.

“Queremos trabalhar e solucionar os problemas internos, como a importação da farinha trigo e equipamentos, bem como a distribuição dirigida a preços não especulativos”, frisou o presidente da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelaria de Angola.

Distribuição

A associação está preocupada com a forma como é comercializado o pão pelas “zungueiras”, com Gilberto Simão a condenar a venda ambulante em locais impróprios e sem higiene.

O objectivo, explicou, não é acabar com as “zungueiras” do pão, mas com a forma como estas comercializam o produto, e daí surge um apelo ao Governo Provincial de Luanda para que, no acto de entrega do Alvará Comercial, “obrigue o industrial responsável da padaria a ter um depósito de venda, onde os revendedores sejam devidamente identificados, uniformizados e com a caixa em condições higiénicas para transportar o pão”.

A Associação das Indústrias de Panificação e Pastelaria de Angola pretende, em última instância, que os vendedores ambulantes “sejam trabalhadores indirectos das padarias”, como forma de garantir as condições higiénicas na venda e de controlar as receitas para o Estado por parte dos proprietários das indústrias, já que os revendedores não pagam impostos.

O director das Actividades Económicas e Serviços de Viana, Sérgio Conceição, informou que o município tem 187 padarias registadas e que, nos últimos anos, foram criadas muitas panificadoras na região.

Em Viana, ocorrem inúmeros casos de transporte do pão em motas de três rodas, uma acção que o director das Actividades Económicas considera “incorrecta” por parte dos comerciantes e a Administração Municipal já está a inverter o quadro da comercialização de pão.

Fonte: Jornal de Angola

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