Empresas que exploram diamantes usurpam terras da população da Lunda-Sul
A população de Saurimo, província da Lunda-Sul acusa as empresas que exploram os diamantes de estarem a se apoderar das suas terras sem qualquer indemnização.
Jordan Muacabinza | Saurimo
Em declarações a Rádio Angola, os populares lamentaram que a Lunda-Sul é uma região muito rica em recursos minerais, com maior enfoque para os diamantes, mas os seus habitantes vivem na pobreza e miséria, e questionam ao mesmo tempo a finalidade dos milhões de dólares resultante desta exploração.
Entre as empresas mineiras que supostamente estão a expropriar-se das terras da população, consta empresa LUAXI, que nesta altura está a explorar diamantes arredores dos bairros Kafula, no município de Saurimo.
A Rádio Angola sabe que a empresa LUAXI foi criada pelo antigo director da Sociedade Mineira Catoca, Ganga Júnior, com o apoio da ex-governadora da Lunda-Sul, Maria Cândida Narciso, Carlos Sumbula e Ferreira Txinquendja.
A referida empresa foi atribuída o nome de um rio que dista a mais de 60 quilómetros do outro rio LUIELE, onde se encontra instalada a empresa LUAXI.
Entretanto, as autoridades tradicionais denunciam que, com a instalação desta empresa na região, a população tem sido prejudicada constantemente com a destruição de casas, lavras e ao mesmo tempo a população está proibida de utilizar as vias onde circulam trabalhadores e responsáveis da empresa LUAXI.
Os sobas denunciam também que, a mão de obra desta empresa, é proveniente de outras províncias e do estrangeiro, pelo que defendem o recrutamento dos jovens nativos da Lunda-Sul.
“O que acontece é que, é uma empresa que, pata além dos prejuízos que nos provoca, não oferece emprego aos nossos filhos aqui, pois já vem os trabalhadores recrutados nas demais províncias como Benguela, Malange, Luanda, Huambo, Cabinda e Kuanza-Norte, excluindo assim os filhos da terra desempregados”, disse dos Sobas.
A população de Saurimo diz que está a perder as suas terras sob o olhar silencioso do Governo Provincial da Lunda-Sul, que segundo lamentam, nada faz para “travar” a acção das empresas exploradoras de diamantes.
Diz ainda que, para além da LUAXI, muitas outras empresas estão igualmente envolvidas na usurpação das parcelas de terras das populações, numa “invasão” que acontece sem contactar as autoridades tradicionais da Lunda-Sul: “Chegarem com as suas plataformas e começam logo com os trabalhos sem o dialogo com os habitantes”.
O Soba Itweva Mudecambique afirma que a terra pertencente aquele povo que nasceu e vive na mesa área, tendo dito que o que mais admira “é o facto destas empresas terem celebrando compromissos com indivíduos que não tem nenhuma aliança com aquele reinado de Kambakafula”.
Apela, no entanto ao Presidente da República, João Lourenço a não se manter em “silêncio” diante daquilo que considera “preocupação” da população da Lunda-Sul e diz que as autoridades tradicionais são parceiras do Estado Angolano.
Os últimos cinco anos, os habitantes das aldeias arredores de Saurimo enfrentaram vida difícil, dada acção dos exploradores de diamantes e outros minerais, porquanto, os populares estão vedados de circularem pelas vias habituais, proibidos de cultivar, pescar e caçar em determinadas áreas.