EMIRATES REGRESSA E TORNA-SE «PATROA» NA TAAG
Um ano depois de abandonar Angola de forma inesperada, a Emirates prepara-se para regressar ao país na condição de sócia da TAAG, marcando o início da privatização da companhia aérea nacional.
A Emirates deverá ser a primeira companhia a entrar no capital social da TAAG, no âmbito do processo de privatização da transportadora aérea nacional, confidenciou ao Novo Jornal um quadro sénior do Ministério dos Transportes.
O Novo Jornal sabe que o processo de negociações está em curso e no “bom caminho” para que as duas companhias voltem a trabalhar juntas depois de, no ano passado, a transportadora dos Emirados Árabes Unidos ter posto fim à cooperação existente entre ambas.
“Tudo indica que será a Emirates a comprar parte da TAAG. As negociações estão no bom caminho e futuramente teremos a confirmação desta parceria”, garantiu a fonte do ministério liderado por Ricardo D’Abreu, firmando, no entanto, que o regresso da Emirates só acontecerá na posição de sócia.
“Como sócia, ela vai deixar de depender excessivamente das vontades da parte angolana como acontecia anteriormente. E vêem neste regresso a possibilidade de implementarem os seus projectos de forma objectiva”, detalhou o quadro sénior dos Transportes.
Questionada sobre a percentagem do capital a ser cedido pela transportadora aérea nacional, a nossa fonte não foi capaz de precisar, mas garante que não ficará abaixo dos 35 por cento.
“Não lhe posso avançar a percentagem exacta que a TAAG vai disponibilizar à Emirates nem a forma e o valor que vai ser pago pela transição. Este é um negócio que envolve os Estados e está ainda a ser ajustado. Mas acredito que assim que as coisas estiverem completamente acertadas o acordo será divulgado”, explicou.
A maior transportadora aérea do Dubai olha para o mercado nacional como a plataforma para a conquista dos céus africanos, conforme garante o interlocutor.
“A saída da Emirates não foi consensual. O programa deles para dinamizar a nossa companhia e posicionar-se entre as melhores do continente africano era bom. Agora como sócias os ganhos serão maiores”, conclui o quadro sénior do Ministério dos Transportes.
Contactada, a administração da transportadora aérea nacional não negou a existência de negociações com a Emirates, deixando para “mais tarde” um pronunciamento oficial. Posição idêntica assumida pela Emirates. Profissionais ligados a aviação mostram-se “satisfeitos” com a possibilidade de terem a Emirates como “patrão” depois da primeira experiência vivida, no entanto, interrompida de forma unilateral.
“De certeza que será bom para nós. Quem trabalha na companhia sabe o que mudou enquanto eles estiveram aqui. É altura de a TAAG se transformar, não podemos continuar a ter uma empresa onde todos só pensam em tirar dividendos”, disse um técnico de manutenção com mais de 25 anos de casa.
Um dos comandantes da transportadora que partilha da mesma ideia declarou que “é altura de sermos mais profissionais e acredito que a privatização vai pôr fim a muitas práticas que só lesam a empresa e enriquecem alguns bolsos. Temos de acabar com os vários contratos que não se justificam”.
A privatização da TAAG ganhou força, no mês passado, com a publicação de um Decreto Presidencial que ditou a transformação da companhia aérea nacional em sociedade anónima “sem quebra de identidade e personalidade jurídica”.
No mesmo diploma João Lourenço exonerou o então Conselho de Administração da TAAG, liderado por José Kuvíngua, e, num outro, nomeou Hélder Preza como PCA não executivo e Rui Carreira para o cargo de PCE.
Durante a tomada de posse, Rui Carreira garantiu que o processo de privatização da TAAG será feito de forma paulatina, passando primeiro pela criação de condições adequadas e atractivas ao investimento privado.
Fonte: Novo Jornal | Faustino Diogo