Em Luanda: Disparos de balas reais da Polícia Nacional contra manifestantes resultam em feridos graves

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A Polícia Nacional está a ser acusada de ter usado balas reais contra os manifestantes, que nesta quinta-feira, 4, saíram às ruas da capital do país, em protesto contra os assassinatos de cidadãos civis, em Cafunfo e exigir melhores condições de vida dos angolanos.

Pedro Gonga | Luanda
Fonte: Rádio Angola

Segundo os promotores da manifestação, quatro activistas estão gravemente feridos em consequência da brutalidade policial, entre os quais, um baleado cuja bala continua alojada numa das pernas.

O protesto ocorreu no dia que o país comemorou o 4 de Fevereiro, o 60º aniversário do início da luta pela independência de Angola, por sinal feriado nacional.

De acordo com os jovens pertencentes a auto-denominada “sociedade civil contestatária (SCC)”, a manifestação foi convocada com o propósito de “exigir alternância política” bem como condenar os assassinatos de civis na localidade de Cafunfo.

Decorrida sob lema: “45 anos é muito, MPLA fora”, o protesto que teria como o ponto de partida o cemitério “Santa Ana”, com a finalidade de chegar até cem metros do Palácio Presidencial da Cidade Alta, foi prontamente reprimida pelas forças de segurança, que montaram um forte dispositivo policial que visou impedir qualquer tipo de concentração.

O activista Geraldo Dala que participou do protesto, denuncia que foi vítima de agressões da polícia, juntamente com os seus companheiros, logo nos primeiros momentos da concentração.

Geraldo Dala contou que um dos activistas “foi fortemente agredido por vários agentes da polícia até ao ponto de apresentar ferimentos graves na região da cabeça”.

“Nesse momento, o nosso mano foi levado ao hospital Américo Boavida para assistência médica, está a sangrar muito”, disse.

Questionado sobre o número de manifestantes detidos, o activista e defensor dos direitos humanos diz desconhecer do número exacto, pois, as detenções estavam acontecendo de forma arbitrária.

“Quanto ao número de detidos, não conseguimos ainda apurar os números reais, pois cada minuto recebemos informação de detenções dos manos em vários pontos”.

De acordo com o activista Lourenço Ndombolo, que também presenciou toda “acção atroz da Polícia”, disse à Rádio Angola “haver dois manifestantes atingidos a tiro pela polícia com balas reias, que foram prontamente socorridos por uma unidade hospitalar mais próxima”.

“Fomos dispersados do local da concentração, lançando gás lacrimogéneo, entrámos nos bairros e começaram a perseguir-nos com tiros de balas reias. Há registo de dois manifestantes que foram baleados”.

“Um foi levado ao centro médico do Beiral e outro ao Américo Boavida, infelizmente, não conseguimos entrar em contacto porque os telefones estão desligados”, afirmou Ndombolo.

A Rádio Angola sabe que até antes do fim do protesto já tinham sido detidos pelo menos mais de 15 pessoas e outros ficaram feridos. “Entre os detidos consta o activista Nito Alves, que viria a ser solto horas depois”.

Até ao fecho desse artigo, encontra-se detido no Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, o activista e membro da “Plataforma Cazenga em Acção”, Xito Milongu.

Por outro lado, desconhece-se o paradeiro do activista “Mente Observador”, que segundo relatos, terá sido agredido e colocado numa viatura da polícia e levado para um lugar incerto.

Os promotores, afirmam que, “a manifestação é um direito consagrado aos cidadãos de acordo com o artigo 47º. da Constituição da República de Angola e, visava denunciar a insatisfação da juventude com a situação com que Angola vive, 45 anos depois da Independência Nacional”.

“O elevado índice de desemprego juvenil, as más condições de vida, as constantes violações dos direito humanos, com maior realce para ao recente caso da Lunda-Norte, em Cafunfo, a continuidade do MPLA no poder”, são as principais razões que levaram os jovens às ruas, de acordo com os manifestantes.

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