Activistas defendem “revolta popular” contra “massacre” de civis em Cafunfo

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Membros da sociedade civil consideram que os comunicados isolados de algumas organizações, que condenam os assassinatos ocorridos no passado sábado, 30 de Janeiro, em Cafunfo, não bastam para repudiar a aquilo que entendem serem “massacres” perpetrados pelas forças de defesa e segurança do Estado, cujas autoridades angolanas alegam terem agido em legítima defesa.

O activista cívico Rafael Morais disse ao O Decreto que deve haver união de todas as organizações da sociedade civil no sentido de apurar a veracidade dos factos e exigir ao mesmo tempo a responsabilização das pessoas ou entidades envolvidas nas matanças.

“A constituição obriga a qualquer Estado a protecção da vida dos cidadãos e não mata-los”, disse Rafael Morais, que defende, no entanto, uma “revolta popular”.

Rafael Morais pensa que “para este caso abominável, deve ser realizada manifestações de rua para repudiar o excesso da polícia, por outro lado, devemos é exigir o sistema judicial a fazer o seu papel”, pois no seu entender, “o governo angolano se comporta assim porque conhece o sistema judicial que tem, sabe que nada vai acontecer, porque não é a primeira vez acontece situação do género”, disse.

Afirmou que o “silêncio da sociedade civil face aos assassinatos de cidadãos civis pelas forças de segurança na vila de Cafunfo, no Cuango preocupa a todos os angolanos, porque devia ser criada em primeira mão, uma comissão de inquérito, que devia se deslocar a Cafunfo para apurar os factos e apresentarem em conferência de imprensa, ao invés de se limitarem pelas redes sociais e órgãos de comunicação social”, frisou.

“O nosso silêncio está abrir portas para que possamos ver outros massacres em breve contra outra etnia ou povos deste país”

Por sua vez, o activista Benedito Jeremias “Dito Dalí” disse a este portal que “sentiu que houve pouca solidariedade da sociedade civil” diante dos incidentes de Cafunfo.

Para “Dito Dalí”, o “silêncio” da sociedade civil está sua visão “a abrir portas para que possamos ver outros massacres em breve contra outra etnia ou povos deste país”.

Segundo o activista, que também é “filho do leste de Angola”, o MPLA começa a dar mostras que pretende se manter no poder por mais tempo e a via que pode encontrar para facilitar o seu desejo “é incitar a violência de modo a impor o medo no seio dos cidadãos, pois ainda acredita que os angolanos são bastante interessados no medo”.

“Enquanto defensor da vida humana e de todas as espécies vivas da natureza, jamais estarei disponível a embarcar ou embargar no voo do medo ou então candidatar-me na indiferença diante da crueldade cometida pelos órgãos de Defesa e segurança do Estado”, disse, acrescentando que “estarei pronto para lutar em defesa dos angolanos e nossas riquezas”.

Pensa que, quanto mais unidos e solidários forem, “o fim do MPLA estará mais próximo porque as ditaduras se incomodam muito quando vê o povo sintonizado e a falar a mesma língua, o contrário seremos vencidos pelo mal”, frisou.

Benedito Jeremias “Dito Dalí” afirmou por outro lado que “não podemos simplesmente nos mover quando a dor e injustiças bater à nossa porta, ou seja, quando os nossos familiares é que são atingidos para depois nos levantarmos”.

No seu entendimento, a sociedade civil organizada ou não, devia se levantar para juntos condenar e agir fortemente contra aquilo que considera terem sido “os massacres ocorridos em Cafunfo, província da Lunda norte”.

“Nós somos a maioria enquanto povo e não podemos permitir que haja mais mortes de cidadãos só porque se manifestaram para exigir a qualidade de vida e a resolução dos problemas locais”, sustentou para quem o levantar de vozes daqueles irmãos que viram suas vidas interrompidas da pior forma, “os beneficiários não seriam (serão) apenas seus filhos ou netos e bisnetos, mas de todos até dos que cruzam às mãos, ou então, os ditos marimbondos”.

“Por isso, penso que a sociedade civil não deveria estar indiferente perante a tamanha violência contra cidadãos indefesos”, rematou.

“Dito Dalí” lamentou que “a sociedade civil está limitada apenas nas redes sociais e não agir como deviam, por não entender o alcance da mensagem que o regime deixou para todos nós com aquela carnificina ocorrida no Leste”.

O activista defende que sejam realizadas em todo o país, “manifestações de repúdio, protestos de rua jamais vistos em todo país de modo a condenarmos os massacres ocorridos em Cafunfo contra os nossos irmãos”.

“Quanto mais exposto o crime, melhor para mostrarmos ao mundo e seus financiadores que em Angola nada mudou a ditadura continua e milhares de cidadãos têm sido vítimas de intolerância étnica, política, religiosa e cultural em Angola por não pensarmos todos como o MPLA queria que fôssemos”, sublinhou.

O jovem do processo “15+2” disse ainda que, “se não houver acções práticas contra essa gente e repudiarmos publicamente essas matanças o regime vai dominar esse povo por mais tempo”, porquanto, acrescenta “Dalí”, os angolanos “precisam agir todos de modo a travarmos cenários como esses, pois só ficar a condenar essas barbaridades nas redes sociais não haverá mudanças de atitudes no MPLA, precisamos nos levantar e agir colectivamente”.

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