Confrontos em Cafunfo: Disparos da Polícia e FAA contra manifestantes terminam em vários mortos e feridos

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Pelo menos 15 manifestantes foram mortos a tiro e dez ficaram feridas, na manhã deste sábado, 30 de Janeiro, pelas forças da ordem (polícias e militares) na vila diamantífera de Cafunfo, no município do Cuango, província da Lunda-Norte, durante uma manifestação convocada pelo Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwe.

Por: Pedro Gonga

Segundo apurou a Rádio Angola, tudo começou nas primeiras horas de sábado, 30, em que a população do sector de Cafunfo registou um clima de instabilidade, o que para eles “o ambiente era de guerra”, devido à manifestação que havia sido convocada pelo Movimento Protectorado da Lunda-Tchokwe, realizada no sábado, com o propósito de reivindicar a autonomia da região leste de Angola.

De acordo com os relatos, logo nas primeiras horas do dia de sábado, a vila de Canfunfo estava toda militariza com todo o tipo de forças de defesa e segurança do Estado. Disparos, detenções, torturas, mortes é o que o se via em Cafunfo.

A população até ao momento em que tratávamos esta matéria, continua cercada em suas residências e no Hospital Regional de Cafunfo já havia o registo de pelo menos sete vítimas mortais. “Esses números são provisórios, há mais mortes ainda por se confirmar”, disse a fonte.

“Não conseguimos ainda apurar os números definitivos, porque as ruas continuam militarizadas, ninguém circula, quem assim o fizer, corre o risco de perder a vida”, afirmou outra fonte local.

A organização explicou à Rádio Angola que protesto foi comunicado as autoridades locais que, de acordo com a resposta que os promotores tiveram acesso, a administração local, não autorizou que o grupo a realizasse a manifestação pacifica, porque justifica a administração com o argumento de que “não reconhece o movimento e que não há necessidade da realização do protesto”.

O activista cívico, Jordan Muacabinza entende que, de acordo com a Constituição da República de Angola, a manifestação “não carece de autorização, mas sim, uma comunicação que dá a conhecer às autoridades” e argumenta que, o que está acontecer em Cafunfo constitui numa clara violação dos direitos humanos.

A nossa fonte desmente por outro lado o comunicado tornado público pela Polícia Nacional, que dá conta de que, os manifestantes estavam “supostamente” munidos com armas de fogo do tipo AKM, caçadeiras, ferros, paus, armas brancas, com pequeno engenho tendo se dirigido a esquadra de Canfunfo para a sua ocupação.

“Os manifestantes saíram as ruas de forma pacífica e ordeira, com intuito de exercerem os seus direitos constitucionalmente consagrados”, disse.

“Nas Lundas, não existe civis militarizadas contra o Estado. Não vimos ninguém na manifestação com arma para além dos militares. É uma farsa da polícia, ela quer se livrar das suas responsabilidades e culpabilizar os manifestantes, isso é uma farsa”, acrescentou.

Quanto aos números definitivos de mortes e feridos, Jordan Muacabinza disse que os próximos dados definitivos serão conhecidos quando a vila estiver mais calma e a circulação voltar a normalidade.

“Iremos fazer o levantamento de dados reais nas próximas horas ou dias, pois, nessa altura, alguns cidadãos e promotores da manifestação encontram-se foragidos nas matas de forma dispersa. Temos que aguardar, é possível que apareçam familiares a procurar pelos seus ente queridos, e aí apurarmos os dados definitivos”, frisou.

Para o activista, Jordan Muacabinza, “a vida humana vale mais do que qualquer bem, por isso, condenamos tais actos e exigimos que o governo angolano na pessoas do Presidente da República, João Lourenço, venha publicamente esclarecer os motivos do assassinato, pois não se entende a finalidade desse acto bárbaro que nos reflecte ao massacre do Monte Sumi, no Huambo”.

O defensor dos direitos humanos disse ser “hora de se pôr o fim a esses acontecimentos, se já aconteceu no Huambo e hoje nas Lundas, amanhã poderá ser numa outra localidade do país, por isso, devemos dar um basta”.

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