COMUNIDADE LGBTI COMEMORA DIA DO ORGULHO GAY E CINCO ANOS DE EXISTÊNCIA DA ÍRIS

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A associação ÍRIS Angola celebrou ontem, 28 de Junho, o “Dia do Orgulho LGBTI”, sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexos. A celebração decorreu nas instalações da sua parceira Linkages, cita no distrito da Maianga, município de Luanda, com a presença de seus membros e ONGs parceiras da agremiação.

Texto de Simão Hossi​

A celebração teve um carácter especial pelo facto de a única associação de protecção à comunidade LGBTI completar cinco anos desde a sua criação e por ter sido legalmente reconhecida pelo governo angolano, e ainda por recentemente a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirar a transsexualidade da categoria de desvio de comportamento. Quem nos conta essas razões é Carlos Fernandes, o responsável máximo da ÍRIS Angola.

Para Carlos, o facto de serem reconhecidos juridicamente demonstra um cumprimento da lei de associação e da Constituição que nunca esteve contra e muito menos o seu favorecimento, pelo que não deve existir quaisquer impedimentos para a sua legalização jurídica.

Ao falar das actividades alusivos a data, Carlos mencionou “a exibição de um filme que ajuda a entender a luta pelos direitos da comunidade de forma a dizer que estamos presente e por sermos seres humanos deve-se exigir os direitos”.

A ÍRIS trabalha com a ANASO e com o Instituto Nacional de Luta contra a Sida (INLS) nas áreas da saúde. Fernandes pensa em, nesta nova fase da organização, capacitarem cada vez mais os seus membros, composto maioritariamente por jovens estudantes, e empoderar cada vez mais a comunidade em geral sobre os seus direitos.

Carlos afirmou à nossa reportagem que a comunidade está motivada com este novo ciclo que está a viver na sequência de verem reconhecidos como organização legalmente aceite na sociedade de forma a fazerem as suas acções sem receio.

Para o Coordenador da IRÍS Angola, a maior preocupação está nas famílias que em muitos dos casos são os primeiros a discriminar por não saberem como lidar com a situação, sobretudo por falta de conhecimento e informação.

A IRÍS Angola tem representações nas províncias de Luanda, Benguela, Lubango e Huambo, locais onde se tem desdobrado para expandir cada vez mais os seus serviços. A organização sente que agora poderá fazer a gestão dos recursos de seus projectos que não era possível por causa do problema legal que viveram. Ultrapassada esta questão, agora poderão desenvolver as suas acções sem depender de organizações parceiras que faziam a gestão financeira dos seus projectos.

Ao finalizar, Carlos apelou à sociedade para que não julgassem outros cidadãos e cidadãs pela sua opção sexual, pois entende que estes fazem parte do conjunto que constitui uma nação. Ao mesmo tempo mostrou-se esperançoso de que este quadro vai mudar para melhor.

A celebração mundial do “Dia do Orgulho LGBTI” se deve ao episódio ocorrido na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos da América, em 1969. Naquele dia, as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, até hoje um local de frequência de gays, lésbicas e trans, reagiram à altura às operações policiais que eram realizadas ali com frequência. O levante contra a perseguição da polícia às pessoas LGBTI durou mais duas noites e, no ano seguinte, resultou na organização da primeira parada do orgulho LGBT, realizada no dia 1° de julho de 1970, para lembrar o episódio. Hoje, as marchas do orgulho LGBTI acontecem em quase todos os países do mundo, mas Angola nunca realizou um acto do género.

A perseguição, discriminação e violências contra pessoas por causa de sua orientação sexual ou identidade de género é real e continua em países como Angola, Uganda, Moçambique e outros, muitos sobretudo por motivações religiosas, culturais ou políticas.

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