CIDADÃOS MORTOS EM ZONAS DE EXPLORAÇÃO DE DIAMANTES LANÇADOS NO RIO CUANGO
A população do município do Cuango, província da Lunda-Norte, manifesta-se preocupada com o número de cidadãos que têm sido mortos por elementos não identificados e os seus corpos lançados no rio Cuango, facto que preocupa igualmente defensores dos direitos humanos.
Fonte: Rádio Angola
Segundo apurou a Rádio Angola, as vitimas são na sua maioria jovens garimpeiros que lutam pela sobrevivência na tentativa de se deslocarem até às zonas que são controladas pelas empresas que exploram os diamantes, instituições essas detidas por Generais e oficiais da Polícia Nacional.
As fontes da RA contam que, os casos são recorrentes ao longo da margem do rio Cuango e já duram meses, sem, no entanto as autoridades locais esclarecerem as causas bem como identificarem os presumíveis autores dos assassinatos.
A Rádio Angola sabe que uma das empresas que se dedica há vários anos, na exploração dos diamantes ao longo do rio Cunago onde “constantemente” aparecem cidadãos mortos por razões até aqui não reveladas é a “Sociedade Mineira do Cuango”.
Sabe-se também que, para além da “Sociedade Mineira do Cuango”, constam igualmente proprietários das empresas de segurança que utilizam vários meios de protecção, mas que, segundo a nossa fonte “nunca esclarecem as mortes destas pessoas que têm sido levadas pelas correntes das águas”.
“Mesmo no tempo do ex-presidente José Eduardo dos Santos sempre foi assim, nunca deram esclarecimentos sobre esses casos”, lamentou um dos cidadãos.
De acordo com as denuncias, nos meses, ao longo da margem rio Cuango, as autoridades policiais têm enterrado cadáveres encontrados a flutuar por cima das águas e os que são arrastados pela força das águas em estado de putrefacção.
“Isto significa dizer que o rio por ter diamante é propriedade da Sociedade Mineira do Cuango que se encontra ao serviço dos generais angolanos”, lamentam os populares para quem a empresa não permite que os cidadãos se dediquem ao garimpo de subsistência para manter a sobrevivência das famílias e à pesca artesanal.
“Muitos que tentam alcançar o rio Cuango já não regressam com vida, desaparecem daí os corpos que têm aparecido nas margens do rio”, denunciam os populares.
Segundo fontes da Rádio Angola, os casos mais recentes ocorreram a 29 de Fevereiro e 19 de Março de 2019, em que foram encontrados dois corpos no rio em referência já em estado de decomposição com sinais de espancamentos conforme consta na imagem, cuja identificação não foi possível apurar.
Os defensores dos direitos humanos na província da Lunda-Norte lamentam que, mesmo com um novo governo liderado pelo Presidente João Lourenço, a população do Cuango continua a “viver o mesmo clima do tempo de Eduardo dos Santos”. “O líder diz que está a cortar o mal pela raiz combatendo de forma energética os abusos de violação dos direitos humanos e à corrupção a todos os níveis, mas o que nos parece, nada mudou, pois as empresas que operam nas áreas diamantíferas os seus seguranças continuam a tirar vida de muitos cidadãos locais”, referem.
A população que denunciou os casos revelou que o Serviço de Investigação Criminal (SIC) e os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB) dominam a situação, já que têm registado todas às ocorrências, mas sem nenhum esclarecimento quantos às causas das mortes, por isso, apelam por uma maior investigação com vista a determinar os seus autores e serem responsabilizados de acordo com a lei.
Ouvido pela Rádio Angola, o activista dos direitos humanos, na Lunda-Norte, Jordan Muacabinza que reside no município do Cuango, confirma as denuncias da população local e apela às autoridades competentes para uma intervenção urgente, no sentido de se garantir a tranquilidades às populações e pôr fim aos assassinatos de civis que lutam pela sobrevivência.
Oiça aqui na página da Rádio Angola as declarações do activista Jordan Muacabinza: