Candidatos a professores denunciam corrupção no concurso público da educação na Lunda-Norte
Mais dois mil candidatos excluídos no concurso público de ingresso no sector da educação na província da Lunda-Norte, manifestam-se desapontados com o comportamento do governado local e do director provincial da educação, a quem acusam o descaminho da maior parte das vagas que estavam disponíveis.
Rádio Angola
Segundo os concorrentes, as vagas que eram destinadas à população da Lunda-Norte, foram vendidas, mantendo assim as velhas práticas de corrupção nesta região do país no sistema de educação.
Recentemente, a Secção de Investigação Criminal SIC na Lunda-Norte informou que está a trabalhar na investigação de denúncias que dão conta de ter havido vícios no concurso público de ingresso no sector da educação 2019 na província diamantífera.
Sem adiantar dados concretos, fontes do O Decreto avançam que, no total, foram registados 2.392 processos irregulares, que de acordo com a fontes, das investigações em curso, existem fortes indícios de corrupção durante o processo de inscrições.
Já em entrevista concedida à emissora estatal no Dundo, o porta-voz do SIC na Lunda-Norte, Veríssimo Pandamar sustentou que, os indícios apontam para o cometimento dos crimes de corrupção e nepotismo durante o concurso que visou o ingresso de novos professores na educação, e que a serem provados darão azo a instrução dos competentes processos criminais a serem encaminhados para o Ministério Público nos próximos dias.
Fontes das Direcções Municipais da Educação lamentam que, apesar das denuncias constantes a cada ano que passa “nesta província, as autoridades tudo têm feito abafar os casos de corrupção”.
As fontes das sedes municipais assinalam que, “o concurso público aqui na Lunda-Norte está evado de vícios, em que impera a corrupção e nepotismo”.
“Depois das vagas estarem na disposição dos directores municipais, o governador provincial Ernesto Muangala beneficiou de sete vagas em cada município, que multiplicando vezes o número de municípios que a Lunda-Norte tem, recebeu 70 vagas sozinho”, disse um dos directores que preferiu o anonimato.
DIRECTORA PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO ENVOLVIDA NA VENDA DE VAGAS DO CONCURSO PÚBLICO
O portal O Decreto apurou de fonte segura que, Bernadeth Cola, directora provincial da educação na Lunda-Norte “é a ponta de lança do governador” durante o processo de venda de vagas deste concurso viciado.
Cada candidato foi “obrigado” a desembolsar cerca de 200 mil kwanzas e os valores foram depositados na sua conta, num esquema de corrupção que contou com a conivência do actual responsável dos recursos humanos da Direcção Provincial de Educação da Lunda-Norte.
Entretanto, alguns dos candidatos apurados, “confessaram” ao O Decreto que tiveram que pagar os valores que eram exigidos, devido à necessidade de conseguir um emprego na função pública no sector da educação, apesar de reconhecerem uma prática nada abonatória para a sociedade angolana.
No rolo das denuncias, consta ainda que, no dia 7 de Novembro de ano passado, a directora da educação, Bernardeth Cola contraiu o seu matrimonio e para custear parte das despesas do casamento, a mesma terá “obrigado que cada escola do segundo ciclo contribuísse com o valor 100 mil kwanzas.
Já, as escolas do segundo ciclo orçamentadas tiveram que contribuir com 200 mil, enquanto que os directores municipais “pagaram 150.000 mil kwanzas”.
Os vícios do concurso público na educação, de acordo com os candidatos denunciantes, foram observados igualmente no município de Caungula, a mais de 100 quilómetros da capital da província.
“Aqui em Caungula as vagas do concurso foram assaltadas pelo então chefe de recursos humanos do município em colaboração com o administrador local, bem como o próprio governador Ernesto Muangala”, afirmam.
Devido ao que consideram “falta de transparência” no processo, a população exige que seja anulado o concurso público realizado no ano passado, por na visão dos candidatos excluídos, não ter obedecido às normas estabelecidas.
Os populares querem igualmente que “os que praticaram os actos de corrupção e nepotismo”, sejam responsabilizados criminalmente e que sejam ao mesmo tempo exonerados dos cargos públicos que exercem, “incluindo o Governador Provincial, Ernesto Muangala”.
As denuncias, motivaram a deslocação de Inspectores Nacionais afectos ao Ministério da Educação para averiguar os factos.